Redação (18/06/07) – A mais recente projeção de José Garcia Gasques, coordenador de planejamento estratégico do ministério – realizada com dados disponíveis até maio e com valores deflacionados pelo IGP-DI da FGV – aponta para uma receita conjunta de R$ 114,5 bilhões, 1,14% acima do total calculado em abril (R$ 113,2 bilhões) e 13,8% superior ao resultado do ano passado (R$ 100,6 bilhões).
Para o ajuste em relação ao horizonte traçado anteriormente, pesaram principalmente correções realizadas para trigo, cacau, milho, soja e café. Na comparação com abril, a renda do trigo subiu 6,58%, para R$ 1,6 bilhão, a do cacau foi elevada em 2,94%, para R$ 702,6 milhões, a do milho saltou 2,88%, para R$ 16,8 bilhões, a da soja registrou aumento de 2,31%, para R$ 27,4 bilhões, 2,31% mais, e a do café engordou 2,26%, para R$ 4,4 bilhões.
Com as correções, as cinco lavouras com maior renda – soja, cana, milho, laranja e banana, nesta ordem passaram a representar 68,9% do total estimado. Em abril, a fatia prevista para 2007 chegava a 68,7%, e no ano passado a participação das "cinco mais" ficou em 66%.
Esta elevada participação, entretanto, não é mal vista. Em 2003, ano em que a renda agrícola das 20 principais lavouras do Brasil bateu seu recorde histórico (R$ 123,8 bilhões), a fatia das cinco maior foi idêntica (68,9%), mas só a soja representou 31,5%.
À luz dos novos cálculos de Gasques, na divisão regional da receita o Sudeste passou a responder por 36,7% do valor consolidado. Em seguida vêem as regiões Sul (28,9%) e Centro-Oeste (20,3%). No Sudeste, a renda disparou – foram R$ 35,3 bilhões em 2006 – em virtude do avanço dos canaviais; no Sul e no Centro-Oeste, é a recuperação dos grãos o principal alicerce da receita.
Vale ressalvar, contudo, que sobretudo para o Centro-Oeste renda não é sinônimo de rentabilidade. Na região, principalmente por conta das altas dos fertilizantes e dos custos de transporte, mas também do câmbio e do elevado endividamento de muitos produtores, as margens estão comprometidas em especial nas plantações mais remotas ou menos eficientes do Mato Grosso. O cenário, afirmam especialistas, ameaça as previsões de aumento da área plantada no Estado na próxima safra (2007/08).
Mas o grande destaque do levantamento do Ministério da Agricultura é mesmo a cana-de-açúcar. Só em São Paulo, maior produtor do país, a receita dos canaviais deverá atingir R$ 12,4 bilhões, 17% mais que no ano passado (R$ 10,6 bilhões) e 59% acima de 2005 (R$ 7,8 bilhões). Se confirmadas as projeções de Gasques, a cultura representará 54% da receita agrícola do Estado este ano – prevista em R$ 23 bilhões no total -, ante participação de 49,3% no ano passado.