Um restaurante em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, resolveu apostar na carne suína como principal produto do cardápio. A mudança começou em abril e a empresa já planeja expandir a oferta, deixando os tradicionais bovinos cada vez mais em um papel secundário.
Os sabores da Copa
A casa faz parte de uma empresa que possui oito estabelecimentos, de acordo com o gerente Vicente Lemos de Oliveira, na empresa desde 2002. É a única com este perfil em uma rede com negócios diversificados, como sucos naturais, frutos do mar e rodízios de pizzas.
Antes, no ponto, na região central de São Bernardo do Campo, funcionava uma loja de veículos usados, comuns na região. O restaurante foi inaugurado há três anos. “A gente atende, principalmente, famílias e o pessoal do comércio, que vem para o almoço”, diz Oliveira.
O restaurante é churrascaria durante o dia, com foco no almoço. À noite, o principal é a pizza. No início, era servido o rodízio tradicional, com a maior parte de cortes bovinos, além da opção pelos espetinhos. Na nova versão, saíram de cena picanha e alcatra. Restaram cupim, contrafilé e fraldinha. E a carne suína ganhou mais ênfase com linguiça tradicional e apimentada, costela, lombo e pernil, acompanhados de buffet de saladas e pratos quentes.
“Resolvemos manter algumas opções de bovino porque, como vêm muitas famílias, um ou outro pode não apreciar o suíno. Então, a gente atende esse público também. É como em uma churrascaria tradicional, que tem outras carnes no rodízio, mas, no nosso caso, o foco é o suíno”, diz.
Apesar de ainda integrar o cardápio, a carne bovina já não é mais citada na fachada do restaurante, que menciona apenas a “Churrascaria Suína” e o “Rodízio de Pizzas”. A decoração interna preserva algumas referências, mas também irá mudar, explica o gerente. “Logo devem aparecer uns porquinhos aí.”
Vicente Lemos de Oliveira conta que a ideia de enfatizar a carne suína foi “inspirada” em algo visto no interior paulista. “Em algumas regiões, como em São José do Rio Preto, por exemplo, a gente encontra o chamado ‘porcada’, que fornece só carne suína e tem muita aceitação. A gente adaptou a ideia.”
A mudança do cardápio foi adotada, inicialmente, como medida de corte de custos. Mas, de acordo com Oliveira, vem caindo no gosto da clientela. Ele calcula que são vendidos de 2,5 mil a 3 mil rodízios por mês.
“Eu consigo ter um preço mais atrativo. Se mantivesse o rodízio tradicional, com o preço da carne bovina hoje, eu teria que cobrar quase o dobro do preço. O custo baixou para o cliente e não afetou as margens da empresa”, garante.
Padronização
No entanto, nem uma eventual baixa do preço da carne bovina deve levar a churrascaria suína a voltar atrás na mudança. Segundo Vicente Lemos de Oliveira, o plano é expandir a oferta no rodízio, inclusive, com os chamados cortes especiais.
O gerente conta que a empresa está negociando uma parceria com um frigorífico de Ribeirão Pires, também na região do ABC paulista, para que a qualidade da carne a ser fornecida para o restaurante seja padronizada. E oferecer um rodízio com 85% de cortes suínos, 10% de bovinos e 5% de carnes de aves.
“Nossa ideia é ter algo específico dentro do padrão que a gente quer oferecer. Quando se trata de filé suíno, por exemplo, ele é pequeno. Para eu manter no cardápio, preciso de um abate maior. Por isso, estamos avaliando esta possibilidade. ”A partir da padronização, a expectativa é chegar em meados de 2015 com cerca de 4 mil rodízios vendidos por mês.
Sobre o mercado de carne suína, Oliveira acredita na continuidade de uma demanda que, nos atuais níveis, ele já considera “satisfatória”. Segundo ele, o segmento ainda está em busca de mais consumidores, diferente da carne bovina, com um público mais consolidado dentro e fora do país.
“É possível encontrar condições satisfatórias para trabalhar com produtos de primeira e oferecer um cardápio a preços convidativos. Além da produção brasileira ser feita dentro de padrões internacionais.”