Redação (23/11/06) – A queda nos preços internacionais, o câmbio e as intempéries climáticas derrubaram em 14,42% valor da produção agrícola catarinense, segundo a Pesquisa Agrícola Municipal (PAM), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No ano passado, o campo gerou uma renda de R$ 3,88 bilhões para os produtores rurais catarinenses.
O desempenho foi um pouco pior que o nacional. O valor da produção agrícola do País caiu 14,2%, ou R$ 13,6 bilhões, em 2005 em relação ao ano anterior. Os problemas foram puxados pela soja. Alfredo Guedes, técnico da coordenação de agropecuária do instituto, explica que os preços do grão caíram de uma média de R$ 858,48 por tonelada em 2004 para R$ 424,96 na média em 2005. O produto responde por 23% do valor da produção agrícola brasileira e foi responsável por 80% da queda no valor nacional.
Os problemas enfrentados pela soja arrastaram o município de Sorriso (MT), que figurava no primeiro lugar do ranking dos municípios produtores agrícolas, para o quarto lugar e provocou uma verdadeira dança de lugares na lista. O município de Sapezal também no Mato Grosso, foi o que obteve o maior valor na produção agrícola em 2005: R$ 984,6 milhões, um aumento de 8,6% em relação ao ano anterior, que o elevou da terceira para a primeira colocação no ranking nacional.
Sapezal, segundo o IBGE, é o segundo maior produtor de soja, terceiro maior produtor de algodão herbáceo e quinto maior produtor de milho do país, contribuindo com 1% do valor total gerado pela agricultura brasileira.
Campeãs não mudam estratégia
Corupá e Canoinhas são, respectivamente, são os campeões catarinenses de banana e fumo. As duas culturas predominam nos municípios e não há expectativa, pelo menos, no médio prazo de mudanças no perfil do campo.
Com cerca de 70% dos produtores rurais trabalhando com as lavouras de fumo, Canoinhas colheu 11,8 mil toneladas no ano passado, segundo o IBGE. Opções para novas culturas existem, segundo o secretário municipal de Agricultura, Donato Noemberg, mas enfrentam resistência. “O fumo ainda é uma atividade rentável”, diz.
Quem mudou e se dedica à mudança para outras culturas não se arrepende. Um dos casos é de Sílvio Padilha, que largou há alguns anos a lavoura de fumo e hoje se dedica ao plantio de diversas outras culturas. Hortaliças, frutas, soja, milho são plantados em sua propriedade.
Na propriedade da João Friedrich, na localidade de Avenquinha, distante cerca de 15 quilômetros de Campo Alegre, hoje a lavoura de fumo dá lugar ao plantio de melissa, uma planta medicinal. A mudança aconteceu há quatro anos. A antiga estufa de fumo hoje é usada para secar a nova colheita.
Mesmo saindo de uma crise que durou quase dois anos, os produtores de banana de Corupá, o segundo maior produtor no País, não planejam desistir da atividade. No ano passado, a área plantada aumentou 22,5%. Segundo o secretário de Agricultura, Júlio César Dominoni, com a queda no comércio da banana com a Argentina, os fruticultores apostaram no mercado interno.
Em vez da diversificação para driblar a crise da banana, a família dos agricultores Ivo e Waldemir Lange investiu ainda mais nos cuidados com o bananal. O monitoramento da lavoura para aplicação de fungicidas e controle de pragas e doenças, a compra de maquinário e implementos para o depósito e manuseio das bananas para comercialização evaram a família a ter um bom retorno esse ano da cultura.