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Setor avícola recomenda diminuição no ritmo de produção para enfrentar a crise econômica

<p>Temendo uma oferta no mercado maior que a demanda interna e externa, segmento propõe a redução em 5% na produção de frango de corte do Brasil.</p>

Redação (17/10/2008)- Para driblar os efeitos da crise econômica mundial, que traz impactos no potencial de consumo de todo o mundo, o setor avícola brasileiro propõe que as indústrias do setor diminuam em até 5% o seu ritmo de produção. A recomendação parte da Central de Informações Avícolas (CIA), órgão de inteligência para analisar o cenário interno e externo de frango de corte da União Brasileira de Avicultura (UBA). Tal medida visa minimizar os possíveis impactos da crise econômica mundial, freando o crescimento da atividade avícola brasileira para se adaptar ao novo cenário do mercado consumidor.

De acordo com o diretor do setor de abatedouros e mercado interno da UBA e presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), Domingos Martins, quatro fatores motivaram essa decisão, que deve diminuir o excedente entre a produção e o consumo de carne de frango no mercado interno brasileiro e externo. Segundo ele, o principal motivador é que o Brasil atingiu em 2008 o maior número de alojamento de frango de toda a história, atingindo a marca de 488 milhões de cabeças alojadas. Se esse ritmo de crescimento se mantiver, a probabilidade de sobrar frango no mercado é muito grande. “Em 2007 a avicultura brasileira retomou o seu ritmo de exportação e obteve ganhos também no consumo interno, o que estimulou o segmento a investir pesadamente no aumento da produção. Com isso, a estimativa é chegar em 2009 com uma capacidade de produção de carne de frango 15% maior que neste ano e 25% maior que em 2007, desempenho capaz de ofertar, em média, perto de 1,1 milhão de toneladas mensais de carne de frango, contra 920 mil toneladas mensais em 2008”, alerta Domingos Martins.

Além disso, ele salienta que historicamente nos primeiros meses do ano o ritmo de consumo cai tanto no mercado interno quanto no externo, agravados ainda mais com a crise econômica mundial. “Nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro estamos no período de férias escolares no Brasil, o que diminui o potencial de consumo brasileiro, uma vez que o frango compõe o cardápio da merenda escolar. No cenário externo, vivemos uma época de instabilidade mundial, que reduz a oferta de crédito para a exportação. Além disso, também entraremos no período de inverno no Hemisfério Norte, fator naturalmente responsável pela diminuição no ritmo das exportações, motivada principalmente pelo congelamento das geleiras, dificultando, assim, a entrada de mercadorias em diversos países”, explica.

Com esse cenário, a previsão dos membros da CIA é que em 2009 o segmento avícola produza em torno de 1,1 milhão de toneladas de frango de corte por mês, exportando em média 365 mil toneladas e destinando ao mercado interno uma média mensal de 600 mil toneladas. “Com esses indicadores, a previsão é de que 12% da produção de frango de corte brasileiro mensal fique excedente, algo em torno a 135 mil toneladas. Por isso a importância em se planejar uma redução no ritmo de produção, para que a oferta não seja muito superior à demanda interna e externa”, alerta Domingos Martins.

Impactos no Paraná

Principal produtor de carne de frango do Brasil, o setor avícola do Paraná deve sofrer impactos com a medida de reduzir em 5% a produção de frango de corte. Segundo dados do Sindiavipar, no acumulado janeiro-setembro, o segmento já abateu 907.772.170 cabeças de frango no estado, desempenho 10,3% superior ao mesmo período do ano passado, quando haviam sido abatidas 823.075.732 cabeças. A estimativa inicial do Sindiavipar era de manter durante todo o ano um ritmo de produção crescente, fechando o ano com um crescimento de 12% a 15% comparado a 2007. “Vamos ter que nos adaptar a essa nova realidade de mercado. Como já havíamos previsto, a oferta de insumos e o comportamento do mercado iriam ditar o crescimento da avicultura neste ano. Com a crise econômica mundial, a avicultura terá que se readaptar para que não haja sobra de produto no mercado”, afirma Domingos Martins.