Redação (03/08/06)- O faturamento da indústria brasileira de embalagem deverá aumentar 11% e atingir R$ 35 bilhões este ano, mesmo com um crescimento de apenas 2,9% da produção ante 2005, revela um estudo realizado pela Lafis Consultoria. A elevação do faturamento será puxada pelo aumento dos preços das embalagens, informou a analista responsável pelo estudo, Catia Akemi Morii. “A tendência é de que os preços, em geral, registrem alta, já que a indústria aproveitará o momento de retomada das vendas para recompor as margens de lucro, reduzidas nos últimos anos”, informou Catia.
A analista disse que a retomada das vendas virá com a melhoria dos indicadores de emprego e renda, que impulsionam o consumo familiar, o que alavanca as vendas do comércio varejista. “A tendência é de que o cenário interno, com o Produto Interno Bruto (PIB) crescendo 3,9% e relativa expansão do poder aquisitivo, incentive as vendas do comércio varejista, que por sua vez incrementarão a produção industrial como um todo”, disse Catia. O volume de vendas dos hipermercados e supermercados, somado ao de alimentos e fumo, cresceu 7,4% de janeiro a maio deste ano, na comparação ao mesmo período do ano passado, sendo que alimentos e bebidas correspondem a cerca de 60% do mercado de embalagens, ressaltou Catia, citando pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A analista destacou que outro fator que contribui para o aumento dos preços das embalagens são os altos investimentos dessa indústria em pesquisa e desenvolvimento, novas tecnologias e materiais mais adequados às necessidades dos produtos e tendências de consumo, como por exemplo embalagens menos agressivas ao meio ambiente.
O estudo indica que o aumento das exportações também elevará a receita do setor. Além do incremento das vendas externas do País no geral, que favorece as empresas já que parte das vendas consiste em produtos embalados, a exportação direta de embalagens vive uma trajetória de crescimento, com a abertura de novos mercados no Mercosul, Estados Unidos e União Européia. A estimativa é que as exportações de embalagens cresçam 4,9% e alcancem US$ 320 milhões neste ano. A Associação Brasileira de Embalagem (Abre) projeta um crescimento de 1,5% a 2% no volume de produção do setor deste ano sobre 2005, informou a diretora-executiva da Abre, Luciana Pellegrino. A associação não tem uma estimativa para o faturamento neste ano, mas Luciana informou que a receita da indústria de embalagem cresce em média 10% a cada ano.
No entanto, a executiva ponderou que a produção é um parâmetro mais exato que o faturamento para se avaliar essa área. “O faturamento não ilustra bem o desempenho do setor por causa da inflação e do aumento dos preços das embalagens”, disse Luciana. A executiva informou que o destaque de vendas deste ano são as embalagens para bebidas, que tiveram encomendas expressivas sobretudo nos meses de maio e junho devido a Copa do Mundo da Alemanha. “Historicamente o segundo semestre é melhor e neste ano, além do Natal, as eleições deverão alavancar as vendas de embalagens, por injetar mais dinheiro na economia”, disse.
Impacto das eleições: O diretor comercial da Embalagens Flexíveis Diadema, Sérgio Angelucci, prevê que a empresa fature entre 7% e 8% mais do que no ano passado. O executivo disse que o setor de embalagens flexíveis laminadas, que toma a cada ano mercado das embalagens rígidas, como aço ou alumínio, por serem mais baratas e fáceis de armazenar, cresce historicamente o dobro do PIB e acima do mercado de embalagens como um todo. Angelucci acredita que o ano eleitoral vai injetar mais dinheiro na economia no segundo semestre, o que vai impactar positivamente no consumo de embalagens. O gerente comercial de papelcartão da Klabin, Edgard Avezum, disse que a empresa prevê um crescimento no Brasil e na Argentina do consumo de embalagens assépticas (longa vida), por causa do aumento de consumo de leite, produtos lácteos, sucos, molhos, água de coco e, na Argentina, de vinhos.
Em relação aos papéis para embalagens, Avezum declarou que, após investimentos em ganhos de qualidade, a empresa deverá conquistar participação no mercado externo com cartões para líquidos, um nicho anteriormente restrito aos países escandinavos. O executivo também citou o aumento da demanda pelos produtos da Klabin na Rússia, cujo mercado de embalagens registra grande crescimento. Avezum informou que a Klabin tem capacidade para absorver os aumentos de produção necessários para atender as demandas do mercado interno de embalagens de papelão ondulado.