No começo do ano tudo indicava que os produtores de suínos, aves e bovinos teriam um 2011 promissor, com boas rentabilidades e produções maiores. A expectativa refletia o cenário positivo visto no final do ano, quando o preço da arroba bovina atingiu patamares recordes, elevando também os valores dos suínos e das aves. Entretanto os bons resultados registrados nos primeiros meses deste ano, e a conquista de novos mercados para as proteínas brasileiras não amenizaram os problemas que o clima, as crises financeiras, e os embates políticos geraram, principalmente para os suínos.
Com um abate de bovinos na casa dos 1,7 milhão de cabeças por mês este ano, contra os 2 milhões de cabeças abatidas na média histórica do setor. A bovinocultura brasileira que já lutava contra o abate de matrizes há três anos, se viu obrigada a retomar a prática em alguns estados devido a problemas climáticos. “Este ano nos deparamos com um cenário adverso, que é a dificuldade de recuperar os volumes de matrizes que tínhamos antes por conta do clima. E muitos criadores optam pelo abate de matrizes para minimizar os prejuízos”, disse o presidente da Associação Brasileira de Exportadores de Carnes (Abiec), Antônio Camardelli, ao comentar que a expectativa do setor é fechar o ano com alta de 12% nas receitas de exportação, e uma queda de 10% no volume embarcado, ante o ano anterior. Já na avicultura as exportações seguem em alta, segundo o ultimo levantamento realizado pela União Brasileira de Avicultura (Ubabef) até o mês de maio comercializadas 1,662 milhão de toneladas em 2011, 5,7% a mais que as 1,571 milhão de toneladas do ano passado. Esse resultado representou em receita um total de US$ 3,5 bilhões, quase 24,5% a mais que o atingido entre janeiro e maio de 2010, de US$ 2,8 bilhões. “A política cambial, aliada aos preços dos insumos, continuou a onerar o comércio internacional brasileiro de aves. Apesar da estabilidade do setor, estamos preocupados com o desenrolar da questão russa”, comentou o presidente da entidade brasileira, Francisco Turra.
Mas o grande problema vivido no setor de proteína animal vem da suinocultura, que após o embargo russo às carnes brasileiras, que impediu as exportações de 85 frigoríficos por problemas sanitários, desmascarou um grave problema financeiro no setor. Com o excesso de produção, e o fechamento deste importante mercado, as expectativas são de que 40% dos produtores do sul do País possam deixar essa área. Hoje membros do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) irão se reunir em Moscou com membros do serviço veterinário russo (Rosselkhoznadzor), para tentar reverter o embargo, o mais breve possível.