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SP terá menor produção de suínos e frangos

Preço do milho provocou redução de 12 % no plantel de matrizes suínas e 16% no de aves adultas.

Da Redação 16/04/2003 – A produção de suínos, frangos e ovos, afetada no ano passado pela escassez de milho e pelo alto custo das rações, será menor este ano em São Paulo, segundo prevêem órgãos do governo e lideranças desses setores. As principais razões apontadas para o recuo são os preços baixos e o receio de nova crise no abastecimento de milho, principal componente das rações.

Segundo o presidente da Associação Paulista de Criadores de Suínos (APCS), Valdomiro Ferreira Júnior, desde setembro de 2002 as empresas de genética reduziram o plantel de matrizes de 12% a 15%. No Brasil, a redução é de 288 mil matrizes, ou cerca de 5,7 milhões de cabeças a menos no rebanho e uma produção de 415 mil toneladas a menos de carne. “É quase o volume exportado para a Rússia”, compara. As granjas de suínos vão consumir 624 mil toneladas a menos de milho.

Em São Paulo, o setor operou com prejuízos em 2002, segundo Ferreira Júnior. “O criador chegou a perder até R$ 58,00 por suíno terminado, mas o prejuízo médio foi de R$ 31,95 por cabeça.” No País, a perda acumulada foi de R$ 702 milhões.”

Sem capital, o produtor optou por parar de inseminar e abater matrizes”, diz. Os efeitos do abate de uma reprodutora são sentidos oito meses depois na produção. O preço do milho teve forte influência sobre o desempenho do setor. “Historicamente, 1 quilo de suíno compra 7 quilos de milho, mas hoje está comprando 3,8 quilos.” Segundo o presidente da APCS, os criadores não se sentem seguros em relação à disponibilidade de milho e soja no mercado interno. “O que nos preocupa é que há forte disposição do governo e dos produtores de milho e de soja para a exportação.” A substituição desses ingredientes por farelos de trigo e sorgo, por exemplo, nas rações já é feita sem que seja alterada a dependência daqueles grãos.

A aposta na safrinha do milho é um grande risco, segundo ele. O setor espera ações do governo visando garantir alimento para o plantel, caso contrário o País pode perder os mercados abertos com a exportação. “Não seria melhor, em vez de exportarmos soja e milho, aumentar a venda de carne, com maior valor agregado?”

Ovos – Ferreira Júnior reconhece que os granjeiros cometeram um erro estratégico quando pagaram apenas R$ 6,00 pela saca de milho em 2000. “Desestimulamos o produtor que iria nos abastecer agora.” A produção de ovos deverá cair entre 14% e 16% este ano em relação ao ano passado, segundo o vice-presidente do segmento na Associação Paulista de Avicultura (APA), Alfredo Onoe. “Há quatro anos estamos enfrentando situações desconfortáveis no setor, mas o ano passado foi o pior”, analisa. Segundo ele, o plantel de aves adultas, estimado com base na introdução de pintinhos, reduziu 16% no período de um ano no Brasil.

“Em março de 2002 tínhamos 89 milhões de aves adultas, no mês passado eram 76 milhões.” Onoe conta que muitas granjas fecharam principalmente em São Paulo. Só em Mogi das Cruzes, que no passado tinha 300 unidades de produção, restam hoje apenas 4 granjas. A crise do milho foi a “gota d”água”, segundo ele. “No ano anterior, em razão de condições mais favoráveis, os produtores encheram as granjas, mas foram fortemente afetados pelo alto custo do milho.” A produção de frangos também deverá ser menor, apesar do crescimento nas exportações.

Milho – Apesar da menor produção de suínos, ovos e frangos, a demanda paulista de milho deverá aumentar 1,7%, chegando a 6,683 milhões de toneladas, segundo a primeira estimativa para a safra 2002/2003 da Câmara Setorial de Milho da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo. Isso porque a pecuária leiteira e de corte estarão aumentando significativamente o consumo. A oferta total deve crescer para 6,852 milhões de toneladas, resultando no estoque de 169 mil toneladas, 1,6% superior ao do ano agrícola anterior, segundo o Instituto de Economia Agrícola (IEA).

As estimativas do consumo animal para 2003 indicam reduções de 5% na avicultura de postura (para 812.400 toneladas) e de 10% na suinocultura (para 729.900 toneladas). Haverá aumento de 9,8% na pecuária leiteira (para 301.300 toneladas) e de 9,9% na pecuária de corte (para 170.900 toneladas), segundo o pesquisador do IEA, Alfredo Tsunechiro. Já a estimativa da produção da primeira safra (milho de verão), de 3,513 milhões de toneladas, foi baseada num crescimento de 3% da área plantada e de aumento de 2% de produtividade da cultura em relação à safra 2001/2002. Para a safrinha, foi mantida a produção do ano passado. O consumo industrial foi estimado pela Câmara Setorial de Milho em 1 milhão de toneladas, a mesma quantidade de 2002, enquanto as exportações deverão somar 100 mil toneladas, equivalentes ao volume do ano anterior.