Redação (28/03/07) – Ao discursar ontem (27/03) na cerimônia de transmissão de cargo, o novo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, reiterou o propósito de seguir a recomendação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, “de olhar para aqueles que não podem estar aqui representados e por aqueles que mais precisam do governo”. “Devo entender a importância do agronegócio e da pequena propriedade familiar como base do desenvolvimento”, afirmou ele, que substitui no comando da pasta a Luís Carlos Guedes Pinto. Destacou ainda sua disposição para o entendimento e relacionou “as questões sensíveis” que se apresentam, como defesa agropecuária, preservação ambiental, produção de bioenergia e dívidas agrícolas.
“Como homem público, devo ouvir todos e, inclusive, compreender os críticos. Devo procurar a conciliação e a harmonia, mas, se necessário, tomar decisões mesmo que contrariem interesses de determinados segmentos”, disse Stephanes, durante a concorrida solenidade realizada no térreo do Edifício Anexo no Ministério da Agricultura. “Mesmo que tenha de me colocar à frente das reivindicações e dos legítimos interesses do setor agrícola e, muitas vezes, ter opiniões conflitantes com outras áreas de governo, devemos demonstrar capacidade de negociação e entendimento com os demais setores responsáveis pelo desenvolvimento.”
Em seu discurso, Stephanes enalteceu o trabalho realizado por seus três antecessores, os ex-ministros Guedes, Roberto Rodrigues e Pratini de Moraes. “Ou seja, uma sucessão de boas gestões. Sei que recebo o encargo de dirigir um Ministério com um plano estratégico e com propostas de aperfeiçoamento da política agrícola.” Em seu pronunciamento, ele também ressaltou que está “representando o PMDB no governo de coalizão do presidente Lula”, mencionou o presidente do partido, deputado Michel Temer (PMDB-SP), o líder da sigla na Câmara, deputado Henrique Alves, e cumprimentou os ministros, parlamentares, autoridades e servidores presentes à solenidade.
Momento favorável – Stephanes assinalou ainda que assume o cargo num momento favorável à agricultura brasileira, com uma boa safra e, de forma geral, com bons preços. “Sei que, após as dificuldades das últimas seis safras, três de inverno e três de verão, uma safra não é suficiente para recuperar o setor. Mas já é um bom começo.”
Entre as prioridades da gestão de Stephanes, estão a defesa sanitária animal e vegetal; agricultura e o meio ambiente; produção de bioenergia a partir de álcool e biodiesel; biotecnologia; endividamento do setor rural e taxa de juros agrícolas; agregação de valor aos produtos agropecuários; consolidação da política de preços mínimos e seguro agrícola; infra-estrutura; e negociações internacionais.
“A agricultura sempre demonstrou grande eficiência dentro das propriedades, os problemas geralmente começam da porteira para fora”, enfatizou o novo ministro da Agricultura. De acordo com Stephanes, o ministério e seus técnicos têm a missão da facilitar, por meio da política pública destinada ao setor, a tarefa daqueles que produzem: os agricultores.
A seguir, a íntegra do discurso do ministro Reinhold Stephanes:
Boa tarde!
Cumprimento o Deputado e Presidente do PMDB, Michel Temer; e o líder do PMDB na Câmara , Deputado Henrique Alves.
Cumprimento e agradeço também aos amigos e colegas deputados e senadores. É uma honra tê-los, aqui, nesta cerimônia, em que estou representando o PMDB, no governo de coalizão do Presidente Lula.
Agradeço, também, a presença dos dirigentes de entidades representativas do setor rural e dos servidores do Ministério.
Caro Ministro Guedes,
Sinto-me feliz ao receber a direção do Ministério da Agricultura de suas mãos, pelo respeito que lhe tenho como profissional, pelo prazer de conhecê-lo há muito tempo e por termos sido colegas de trabalho e termos compartilhado, até, do nosso futebol das quartas-feiras.
Ministro Guedes, é muito fácil assumir uma função pública sob aplausos. Da mesma forma, como é fácil assumir uma função com muitas idéias e vontade de realização. Mas o importante é o contexto que temos aqui: um ministro que sucedeu o ministro Roberto Rodrigues, que, por sua vez, recebeu os encargos do ministro Pratini de Moraes. Ou seja, uma sucessão de boas gestões.
Hoje, caro ministro Guedes, o senhor deixa o cargo com a certeza de ter realizado um bom trabalho e, por isso, merece os aplausos de todos nós.
Sei que recebo o encargo de dirigir o Ministério com um plano estratégico e com propostas de aperfeiçoamento da política agrícola.
Assumo esta incumbência em um momento bom da agricultura brasileira, com uma boa safra e, de forma geral, com bons preços.
Mas sei, também, que após as dificuldades das últimas seis safras, sendo três de inverno e três de verão, uma safra não é suficiente para recuperar o setor. Mas já é um bom começo.
Muitas serão as dificuldades que ainda teremos e muitas questões sensíveis se apresentam.
Destacamos:
• a defesa sanitária, animal e vegetal;
• a agricultura e o meio ambiente;
• a produção de bioenergia de álcool do biodiesel;
• a biotecnologia – inclusive os trangênicos;
• o endividamento do setor rural e a taxa dos juros agrícolas, frente a queda da inflação e da taxa SELIC;
• a agregação de valor aos produtos agrícolas;
• a consolidação da política de garantia dos preços mínimos e do seguro agrícola, para estabilizar a renda dos produtores;
• a preocupação com a infra-estrutura;
• as negociações internacionais sobre a libera-li-zação do comércio dos produtos agropecuários; e
• em prazo muito curto, a política para atual safra de trigo e para a próxima safra de verão.
A agricultura sempre demonstrou grande eficiência dentro das propriedades, os problemas geralmente começam da porteira para fora.
O presidente Lula, ao me dar posse, se referiu ao meu profissionalismo e espírito público e é isso que podem esperar de mim.
Como homem público, devo ouvir todos e, inclusive, compreender os críticos.
Devo procurar a conciliação e a harmonia, mas, se necessário, tomar decisões mesmo que contrariem os interesses de determinados segmentos.
Devo, acima de tudo, ter a visão geral do Brasil e seguir a recomendação do Presidente Lula: de olhar para aqueles que não podem estar aqui representados e por aqueles que mais precisam do governo.
Devo entender a importância do agronegócio e da pequena propriedade familiar como bases de desenvolvimento.
Mesmo que, como Ministro da Agricultura, tenha de me colocar a frente das reivindicações e dos legítimos interesses do setor agrícola e, muitas vezes, ter opiniões conflitantes com outras áreas do governo, devo demonstrar capacidade de negociação, de entendimento e de harmonia com os demais setores responsáveis pelo desenvolvimento.
As instituições e seus técnicos que têm responsabilidade com o desenvolvimento rural, devem, a cada dia, se questionar sobre qual é a nossa missão?
Afinal, quem produz são os agricultores e cabe a nós facilitar-lhes essa tarefa.
Muito obrigado.