O preço da carne suína aumentou 20% desde o mês de junho no mercado atacadista de São Paulo. A falta da carne bovina está levando à maior demanda pelo produto. Com a proximidade das festas de fim de ano, a expectativa é de preços ainda mais altos para os suínos.
O gerente José Carlos Rogério administra uma granja em Limeira, no Estado de São Paulo, há nove anos. A granja tem uma boa estrutura, onde é feito todo o processo de produção, desde a cria até a engorda dos animais. Ele diz que há um bom tempo o proprietário não consegue fazer um grande investimento no local.
“Apesar da alta do milho, a situação está melhor agora, o mercado tem-se mostrado firme. E um preço forte. Então, a gente pensa que isso aí é um sinal de que o mercado vai se manter”, avalia Rogério.
A granja tem atualmente 1,2 mil animais prontos para o abate. Os suínos têm 90 quilos, em média. A situação está boa agora porque aumentou a procura dos frigoríficos pela carne e melhorou o preço. Rogério diz que está conseguindo hoje até R$ 62 por arroba. O custo até subiu por causa da alta no preço da ração, mas não comprometeu a renda do produtor. Em junho, o patrão do Zé Carlos pagou R$ 20 pela saca de 60 quilos de milho. Agora, precisa desembolsar R$ 27. Porém, já foi pior.
“A situação hoje atualmente é bem melhor do que a que tivemos há pelo menos um ano e meio”, avalia.
Os analistas dizem que o resultado na granja é conseqüência do que está acontecendo no pasto. Com escassez de boi para o abate depois da crise no setor, o preço da carne bovina aumentou muito. Juntando aí com a época, agora fim de ano quando aumenta o consumo de carne suína, pode-se dizer que este é um bom momento para o produtor. A melhora começou há uns quatro meses.
Dados analisados pelo consultor de mercado Osler Desouzart mostram que o preço pago ao produtor pela arroba do suíno vivo no mercado de São Paulo neste período subiu 20%. Em junho, a arroba ficou, em média, a R$ 48,53. Subiu em julho, em agosto, em setembro e está agora em torno de R$ 60. A alta dos preços ajudou a recuperar a rentabilidade do produtor, apesar do aumento do custo com alimentação dos animais.
“O custo teve um discreto crescimento. Agora, eu diria que não na mesma proporção da reação dos preços de venda dos animais”, analisa Desouzart.
“Nós viemos de um período de um custo de produção muito favorecido pelo milho ter estado a preços muito baixos. E ele realmente deu uma subida. Era absolutamente esperado e desejável, porque se não o produtor de milho se desinteressa na continuidade da produção, e nós precisamos de milho todos os anos, o ano todo”, defende o diretor de mercado da Associação Brasileira de Criadores de Suínos, Rubens Valentin.
Com a demanda em alta, a previsão dos analistas é de que os preços continuem firmes pelo menos até dezembro. Os produtores esperam mais do que isto.
“Agora é o período de melhor venda de suínos. Janeiro geralmente dá uma queda. Esperamos que não seja tão forte a queda em janeiro. Aí o preço vai se manter”, diz Valentin.