O preço do suíno vivo em São Paulo caiu mais de 20% somente nas três primeiras semanas do mês de janeiro. É o que informa a Associação Paulista dos Criadores. O motivo é o menor consumo nesta época do ano, tradicional período de férias, além da concorrência com outros Estados.
Em uma granja em Limeira que possui oito mil animais, o ritmo de crescimento do plantel tende a diminuir. Daqui a nove meses, quando o ciclo de gestação das matrizes terminar, a produção deve ser 10% menor do que a de 2009. Para reduzir a oferta de carne no mercado, o criador Pedro Tosello também vende animais dez quilos abaixo do peso ideal, o que aumenta o custo.
“O custo da ração para animais leves é mais cara do que a ração para animais mais pesados. Embora você esteja perdendo mais, ao antecipar as vendas se obtém recursos para manter o plantel”, explica o produtor.
Parecem medidas drásticas, mas é o que é possível fazer. Ao contrário da pecuária bovina, o suinocultor não consegue restringir a oferta segurando o produto. É que na granja o porco ganha peso. Os frigoríficos oferecem preços menores quando os animais passam dos cem quilos.
Tosello conta que os preços estavam acima de R$ 50 por arroba em dezembro e caíram para R$ 45 no inicio do ano, valor que não compensa os custos de produção da granja. A Associação Paulista de Criadores de Suínos (APCS) registrou queda semelhante. Um dos motivos, segundo a entidade, seria a concorrência com os suínos produzidos no sul do Brasil.
“Os embutidos, os cortes nobres são provenientes do sul do país onde está a agroindústria. O mercado de São Paulo que baliza animais vivos é balizado na carcaça e a carcaça hoje se transformou em subproduto”, diz o presidente da APCS, Waldomiro Ferreira.
O setor acredita em recuperação para o segundo semestre de 2010. Além da redução na oferta de carne suína prevista este ano, a tendência é de alta no consumo interno e nas exportações. Enquanto isso, os custos de produção podem cair.
“Não é porque o milho está R$ 19 que nós podemos vender os suínos mais baratos. Não é assim. Otimismo sim, mas cautela e olhar muito o seu custo de produção, mas sem fazer besteira, porque ali na frente o mercado pode ser diferenciado”, defende Ferreira.