Redação (10/03/2009) – Para vencer a crise, os principais produtores do país vão se reunir no mês de julho, no 13º Seminário Nacional de Suinocultura, em Foz do Iguaçu. Representantes da indústria e do varejo terão que encontrar alternativas para equilibrar os prejuízos tanto dentro dos frigoríficos quanto nas gôndolas dos supermercados.
Crise – "Na verdade, quem está arcando com as contas da crise são os produtores". A declaração é de Irineu Wessler, presidente da Associação Paranaense de Suinocultores (APS), que contabiliza um prejuízo de R$ 0,70/quilo se comparados o custo de produção – que é de R$ 2,40/quilo – contra os valores das cotações de mercado que oscilam na faixa do R$ 1,70/quilo. "Por isso o produtor não está resistindo", conclui.
Rússia – Devido ao seu potencial, a responsabilidade do impacto recaiu sobre a Rússia. Detentores de uma importante parcela das exportações brasileiras, após a retração de 150 mil toneladas, se comparados os montantes de 2007 – que computou 680 mil/t – contra 2008, quando o volume baixou para 530 mil/t. "Por isso, esse excedente que seria destinado à exportação está sendo desovado no mercado interno. Isso baixa os preços porque aumenta a oferta", avalia.
Varejo – Se de um lado, as quedas para os produtores foram inevitáveis, de outro, o consumidor não sentiu o repasse na hora de pagar a conta. ""As quedas no varejo não estão nas mesmas proporções"", observa. Com intuito de ratear as perdas, no encontro haverá mesas reunindo produtores, indústria e supermercadistas para debater um ajuste de preços. "Todos precisam ganhar uma fatia menor, por isso ela tem que ser discutida de maneira proporcional", sugere.
Consumo – Mas a tarefa dos suinocultores não é fácil. Como o consumo per capita da carne de porco no Brasil é de modestos 13 quilos/mês, se comparado ao potencial do mercado europeu que consome até 73 quilos/mês por habitante. Wessler ressalta ainda que a maior fatia de consumo é da carne industrializada. "São apenas quatro quilos de carne in-natura por habitante. Ainda é muito baixo".
Mercado – O mercado ia bem até o final do primeiro semestre de 2008. Em negociações bem sucedidas com exportadores, o preço por quilo chegava a beirar os R$ 3,50 deixando as cotações da tabela como figurantes. "Mas nossa alegria durou até a hora que os preços despencaram", avalia o presidente da APS. Em contrapartida, o momento é de dificuldades por causa dos custos de matéria-prima (milho e soja) que aumentaram nos dois últimos meses.
Excesso de oferta – Por isso, Wessler elenca o excesso de oferta como o maior problema da suinocultura atualmente. Com um potencial mercado exportador consumindo grande parte da produção brasileira, estados como o Rio Grande do Sul e Santa Catarina aumentaram sua produção de matrizes. ""Mas agora com as portas do exterior fechadas, os produtores não encontraram outra alternativa senão desovar tudo nos mercados do Paraná e de São Paulo".