Redação SI 12/03/2004 – 06h35 – A auto-sustentabilidade da produção agrícola pode ser obtida por meio da integração com a suinocultura. Com a produção de grãos se alimenta todo o rebanho e com o emprego de tecnologias reaproveita-se os dejetos como fertilizantes naturais e também como fonte para a geração de energia, com os bio-digestores. Este foi o cenário apresentado ontem, durante uma das palestras da terceira edição do Encontro Internacional dos Negócios da Pecuária (Enipec), pelo mestre em reprodução de suínos e consultor da Vitagri, Jorge Luis Porto Munari.
Em Mato Grosso existem 50 mil matrizes e mais de 480 mil animais e com os investimentos sugeridos, de cerca de R$ 180 mil, o retorno acontece a curto prazo, em até dois anos, segundo Munari.
As alternativas para a lucratividade da suinocultura estão na fórmula: melhorar a performance, reduzir custos e aumentar receita, “tudo com respeito ao meio ambiente. Com a produção própria de grãos, como soja e milho de silagem, garante-se alimento de qualidade ao rebanho e reduz-se custos com alimentação de cerca de R$ 1,50 por saca para o produtor.
Em uma granja com mil matrizes, por exemplo, há a geração de 200 metros cúbicos (m) diários de dejetos. Para cada 100 m3 de dejetos, existe 270 quilos de nitrogênio, 170 quilos de fósforo e outros 170 de potássio. “Aplicação disso no solo requer investimentos de R$ 50 por hectare e geram, pela substituição de adubos químicos, uma economia de R$ 400 por hectare”, argumenta Munari.
Os dejetos também podem ser fonte de energia e gerar até 1990 quilowatts/dia para manutenção da granja e até para a secagem de grãos. “Por meio da fermentação dos dejetos extrai-se o bio-gás, que equivale a produção de um gerador de 80 quilowatts”, afirma Munari.
Ainda em Mato Grosso não existe uma granja com este modelo de respeito ao meio ambiente.
O diretor do Comitê de Desenvolvimento da Suinocultura em Mato Grosso, Egídio Vuaden, mesmo considerando a atividade incipiente no Estado, destaca que o rebanho suíno possui mais 20 mil matrizes certificadas (com sanidade assegurada), o que é um dos números mais expressivos da atividade em nível Brasil, “e que é determinante para a conquista e permanência no mercado externo. O potencial de exportação mato-grossense está nos mercados asiáticos (principalmente Hong Kong) onde estão mais de dois terços da população mundial”, justifica Vuaden.
Em números a suinocultura se revela uma atividades com grande alcance social, gerando mais de quatro mil empregos diretos, qualificados e permanentes e outros 12 mil indiretos. “Se contabilizarmos as famílias que sobrevivem da atividade, chegamos a um universo de 50 mil pessoas”, analisa o diretor.