A decisão do presidente norte-americano Donald Trump de estabelecer tarifas sobre importações de painéis solares é um golpe para a indústria do setor, que vem passando por um boom –a medida derrubou ações de grupos solares europeus e asiáticos, em meio a temores do impacto sobre seus negócios.
Embora o movimento tenha como objetivo apoiar a indústria dos Estados Unidos, alguns no setor dizem que a medida pode desacelerar os investimentos em energia solar nos EUA e custar milhares de empregos ao país.
Trump aprovou na segunda-feira uma tarifa de 30 por cento sobre células e módulos solares importados, que deve cair para 15 por cento dentro de quatro anos. Até 2,5 gigawatts em células solares desmontadas podem ser importadas sem tarifa a cada ano.
A notícia levou a uma queda de 4,6 por cento, para uma mínima de quatro semanas, nas ações da SMA Solar, maior grupo solar da Alemanha, que realiza 46 por cento de suas vendas nas Américas. A norueguesa REC Silicon caiu 1,2 por cento.
O ministro de Finanças da Alemanha, Peter Altmaier, disse que o custo de produtos solares nos EUA deve aumentar, e que o governo alemão discutirá o assunto com Washington.
Os EUA têm a quarta maior capacidade instalada em energia solar no mundo, atrás de China, Japão e Alemanha. Globalmente, a capacidade saltou para quase 400 gigawatts no ano passado, de menos de 10 gigawatts em 2007, segundo a Administração Internacional de Energias Renováveis.
A Associação das Indústrias de Energia Solar dos EUA disse que a decisão pode causar perdas de 23 mil empregos nos EUA neste ano, como resultado do atraso ou cancelamento de bilhões de dólares em investimentos.
O governo dos EUA alegou que a indústria doméstica não consegue competir com o que chamou de preços artificialmente baixos de painéis asiáticos.
Companhias chinesas como Trina Solar e Jinko Solar, que são as maiores produtoras globais de painéis, devem ser atingidas pelas tarifas em suas fábricas ao redor da Ásia.
O Ministério do Comércio da China disse nesta terça-feira que a decisão prejudica o ambiente de comércio global, enquanto o Ministério da Indústria, Informação e Tecnologia disse que as companhias solares chinesas provavelmente irão conter sua expansão internacional.
“A indústria solar chinesa tem crescido em um ritmo forte nos últimos anos, tornando-se alvo de protecionismo em alguns países”, disse o ministério.