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Mercado Interno

Transações denotam confiança

Após 'união de proteínas', Abiec quer criar nova entidade no setor, em conjunto com Abef e Abipecs.

Transações denotam confiança

A compra da Seara pela Marfrig, confirmada na segunda-feira (14/09), a incorporação da Bertin pela JBS e a aquisição da americana Pilgrim’s Pride pela mesma JBS, duas outras transações anunciadas na quarta-feira (16/09), mostram que as empresas do segmento de carnes estão recuperando sua capacidade de investimento em expansão e estão mais confiantes quanto ao futuro desse mercado.

A avaliação é do diretor da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Roberto Giannetti da Fonseca. Segundo ele, os dados sobre as exportações do país confirmam que os volumes embarcados estão perto do nível de antes do aprofundamento da crise financeira global, em setembro de 2008, e a tendência é que os preços, ainda baixos, também se recuperem. “Nos últimos anos a demanda internacional cresceu muito, puxada pelos emergentes, e o consumo de alimentos permaneceu firme mesmo com a crise. Isso tudo ajuda as empresas a darem passos mais corajosos”, afirmou.

Ao mesmo tempo, Giannetti tentará costurar, nas próximas semanas, o retorno da JBS à Abiec. Por causa de “divergências”, a empresa se desligou da entidade recentemente, mas o dirigente acredita que seu retorno é questão de tempo. “Foi uma atitude talvez intempestiva, mas vai ter volta. As empresas do setor têm muitos interesses em comum e uma agenda grande, que inclui relações com o governo e questões tributárias, financeiras e de comércio exterior”, afirmou.

Em tempo de fusões e aquisições de empresas de proteínas animais, Giannetti também trabalha com a ideia de criar uma nova e ampliada entidade de carnes, fruto da união de Abiec, Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (Abef) e Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs). E lembra que Perdigão e Sadia, apesar de terem divisões de bovinos relativamente pequenas, integram a Abiec desde antes da criação da Brasil Foods.

Faz sentido, já que a linha que separa os negócios entre bovinos, suínos e aves está cada vez mais tênue. Para o co-presidente do conselho de administração da Brasil Foods, Luiz Fernando Furlan, a tendência de consolidação em diversos segmentos fortalece as empresas brasileiras e “aumenta a possibilidade de protagonismo na competição mundial”. Nesse sentido, considerou positiva a união entre JBS e Bertin e afirmou não temer a maior concorrência.

Furlan adiantou, ainda, que a BRF aguarda a decisão final do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para iniciar uma estratégia de competição no exterior. Após a criação da Brasil Foods, o órgão antitruste autorizou algumas operações conjuntas na área financeira, de forma a sanar os problemas de endividamento da Sadia, mas manteve separadas as operações. “Isso não afeta nada a questão da competição interna, mas certamente daria um ânimo maior para as exportações brasileiras”, afirmou. Ele disse que a empresa segue trabalha junto ao Cade para obter a liberação.