Como é possível uma usina de energia instalada em Guarapuava (PR) ser a responsável por 700 novos empregos em Água Clara, no Mato Grosso do Sul, a 800 km de distância? Resposta: a energia gerada para distribuição no Paraná poderá ser utilizada como ‘moeda de troca’ para abastecer uma fábrica de MDF no estado vizinho.
Tanto a fábrica quanto a usina pertencem ao Grupo Asperbras e devem começar a funcionar em março. Outro detalhe interessante é a modalidade de energia a ser gerada: a partir de sobras de pinus e eucaliptos – cultivados em solo paranaense pela companhia e utilizados na produção de placas de madeira em Água Clara.
Os rejeitos da indústria são compostos por galhos, copas de árvore e toras finas, sendo aproveitadas como lenha para as caldeiras da usina. “Os resíduos da madeira que abastecem a usina são os tipos dos rejeitos da matéria prima que será utilizada na fábrica da GreenPlac (empresa do grupo Asperbras). A geração em Guarapuava tem capacidade igual à estimativa de necessidade de energia que teremos para produzir MDF”, confirma o sócio-diretor da Aspebras, José Maurício Caldeira, da Aspebras.
Além do fator econômico, Caldeira destaca que a opção pela nova usina de biomassa tem um fator ambiental: “Quando apareceu a oportunidade de aquisição da planta de Guarapuava, gostamos da viabilidade e do impacto socioambiental de gerar energia limpa, pois além de contribuir com o meio ambiente ainda se tornava complemento ao consumo de energia do MDF”.
Empregos ‘iluminados’
O diretor prevê que a fábrica sul-mato-grossense vai gerar 700 empregos diretos e indiretos em Água Clara, que tem perto de 15 mil habitantes. “É uma das maiores apostas da nossa empresa na economia do Brasil, justamente em um período no qual os investimentos escasseiam e as grandes empresas têm sido reticentes e cautelosas na hora de investir”, comenta Caldeira. Em Guarapuava, o número de empregos diretos gira em torno de 30, além dos indiretos.
Segundo a empresa, o total de energia gerada deve ficar próximo a 10 MW . Além de ser suficiente para abastecer a fábrica, isso pode trazer algum faturamento. “Sobrará um excedente que disponibilizaremos para o mercado. Não é suficiente para abastecer uma cidade, mas é uma iniciativa muito importante, já que um empreendimento do tamanho da GreenPlac que ocupa 510 mil metros²”, destaca o diretor.
Caldeira destaca ainda que a usina já está em fase de testes e que, no futuro, poderá gerar até 13 MW.