O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, afirmou ontem (6) que a vacina contra o vírus da gripe A H1N1 não deve ficar pronta para uso em larga escala antes de novembro. “A expectativa é que tenhamos ainda no segundo semestre. Mas a vacina precisa ser produzida, testada em seres-humanos, para ter sua segurança comprovada, e somente depois poderá ser liberada para uso em larga escala. Eu diria que é pouco provável que antes de novembro teremos a vacina”, afirmou.
Segundo Temporão, várias empresas estão desenvolvendo a vacina, entre elas, o Instituto Butantã, em São Paulo. O ministro da Saúde alertou, entretanto, que o fato de a vacina ficar pronta somente no final do ano pode fazer com que a estratégia do governo seja revista.
“No Brasil, como o próximo inverno é apenas no ano que vem, vamos avaliar como vamos trabalhar com isso (a aplicação da vacina). Se vamos vacinar todo mundo, ou se vamos usar outra estratégia. Isso ainda terá de ser discutido com os especialistas”, disse.
Temporão garantiu, ainda, que, no momento, não há recomendação do Ministério para vetos de eventos com grande aglomeração de pessoas. Ele citou o caso da Feira do Livro de Parati e da Parada Gay como exemplos. “Mas cada caso é um caso. Vamos ter de analisar cada situação e vai depender, inclusive, do Estado onde o evento será realizado.”
O ministro reforçou que não há determinação para suspensão de aula em colégios e universidades com casos de gripe entre os alunos. “A orientação é que a direção da universidade sente com a secretaria municipal da saúde, analise a situação e aí tome a decisão.”
Melhor situação
Na avaliação de Temporão, na comparação mundial e com os demais países da América do Sul, o Brasil está “em melhor situação” com relação à gripe A. Segundo o ministro, toda estrutura montada pelo governo em 2003 para combater a ameaça da gripe aviária foi adaptado para o cenário atual.
“Nós já estávamos nos preparando desde 2003, quando o Brasil se preparava para a gripe aviaria, que acabou não acontecendo. Preparamos um conjunto de protocolos, havia uma comissão interministerial, foram elaboradas condutas, estratégias e cenários. Evidentemente, todo esse trabalho foi adaptado rapidamente para todo esse novo cenário. Isso nos deu uma vantagem comparativa.”
Preocupações
Segundo o ministro da Saúde, há dois fatores que preocupam o governo brasileiro neste momento: o inverno e as férias escolares. “O inverno é o período onde as infecções respiratórias são transmitidas com mais facilidade. Além disso, temos as férias escolares. Muita gente viaja, podendo se contaminar lá fora e trazer o vírus para cá”, ponderou, destacando que a vigilância está “redobrada” para esse período.
Temporão explicou que a decisão do governo de internar apenas pacientes em casos graves está relacionada à nova estratégia no combate à “gripe suína”. “Na primeira semana, internávamos todos os casos como uma estratégia de contenção do vírus.”
O mesmo é aplicado à não necessidade de exame laboratorial para todos os casos. “Na etapa em que estamos, como a maioria dos casos vai cursar sem problema nenhum (segundo o ministro, 99,6% dos pacientes que entram em contato com o vírus se curam espontaneamente), não compensaria o trabalho que teríamos para fazer o exame. Não estamos inventando nada. O Brasil segue todos os protocolos da OMS (Organização Mundial da Saúde), concluiu.