Redação SI 10/09/2002 – As vendas de carne suína no mercado interno devem subir 4,3% este ano, o maior o crescimento dos últimos anos. As indústrias brasileiras estão aumentando a oferta de produtos processados, como presuntos, salsichas, lingüiças, salames, copas, entre outros itens, diante da maior demanda.
“O crescimento das vendas de produtos industrializados, além de ajudar a elevar o consumo, é uma estratégia que prioriza a comercialização da marca, que agrega valor à produção e inibe o mercado informal”, afirma Fernando Antonio Pereira, diretor da Agroceres Pic.
Crescimento
Dos 11,5 quilos de consumo per capita projetados para este ano, 80% referem-se aos produtos industrializados. Mesmo com o crescimento, o consumo de carne suína ainda é pequeno no Brasil, se comparado com o das aves, de 32 quilos por pessoa, e o da carne bovina, de 34 quilos por pessoa por ano no País. Em países europeus, como a Dinamarca, a Bélgica e a Alemanha, o consumo per capita de carne de porco atinge entre 70 e 73 quilos por ano.
“Ainda existe a idéia de que o porco é um animal cheio de banha, que vive comendo lixo. Isso não é verdade. Houve um grande avanço na genética e na organização da cadeia produtiva ao longo da última década”, diz Pereira.
A imagem distorcida que os brasileiros têm do suíno contribuiu para que as agroindústrias adotassem a estratégia de vender produtos industrializados de porco, que afastam a imagem do animal da cabeça do consumidor.
“Entre os mitos, permanece a idéia de que a carne de porco é muito pesada, com alto teor de colesterol. Por isso, as vendas que realmente crescem são as de produtos embutidos e processados, onde a figura da carne suína não é lembrada”, diz Oscar José Ghizzi, diretor financeiro da Aurora (Cooperativa Central Oeste Catarinense).
Novos itens
Atualmente, existe uma infinidade de produtos processados nas gôndolas dos supermercados brasileiros. São mais de 100 itens, entre temperados, defumados, pré-cozidos e embutidos.
Na avaliação do diretor da cooperativa Aurora, o aumento do consumo deve-se, também, à redução de 12% nos preços da carne suína este ano, em relação aos valores praticados no ano passado.
“No ano passado, houve uma euforia em relação à possibilidade de abertura do mercado na União Européia para a carne suína brasileira. Como essa abertura não se concretizou, o setor registrou aumento da oferta no mercado interno e conseqüente queda de preços”, diz o diretor. Os europeus são os maiores consumidores mundiais de carne suína.
Tecnologia
Para Pereira, o aumento da produção de suínos registrado em 2001 é resultado de um contínuo trabalho para elevar o produção e o consumo no Brasil. “Na década de 80, a cadeia estava estagnada. A partir de 1990, houve um gradativo aumento na produção e no consumo”, diz Pereira. Neste período, o Brasil conseguiu se tornar competitivo na produção de suínos. “Reduzimos custos de produção, obtivemos melhorias no bem-estar dos animais e avanços sanitários, no tocante a rastreabilidade”, diz.
Para promover o aumento do consumo no Brasil, o setor, por meio da Associação Brasileira das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Carne Suína (Abipecs), está realizando uma campanha junto a gourmets, universidades, classe médica e revistas especializadas com a finalidade de desmistificar a carne suína.
Carne “in natura”
“A carne não é, por exemplo, tão gorda quanto antes. Os cortes nobres do suíno “in natura” têm menos colesterol que os de frango com pele e que a picanha”, diz Luis Carlos Mendes Costa, diretor da Pif Paf.
Além da ampla oferta de industrializados, que incluem 40 itens, a Pif Paf também aposta no aumento do consumo da carne “in natura”. “Estamos elaborando uma nova linha de cortes nobres de lombo, filé, costela e outros itens, que serão distribuídos em pequenas porções entre 300 e 450 gramas”, diz o executivo.
Na Sadia, o maior número de itens de industrializados de suínos também é responsável pelo aumento das vendas da empresa, diz Luiz Gonzaga Murat, diretor financeiro da companhia.