Redação (15/05/07) – O orçamento disponível aos diversos públicos de produtores rurais atendidos pelo fundo cairá de R$ 5,24 bilhões, em 2006, para R$ 1,6 bilhão neste ano. Mesmo quando somada a reaplicação dos chamados retornos de empréstimos concedidos em anos anteriores, o valor chega a R$ 2,99 bilhões, 57% inferior ao orçamento de 2007.
Desde 2005, os recursos do FAT têm sido importantes para auxiliar na renegociação das dívidas antigas de produtores rurais com seus fornecedores e no financiamento do capital de giro de cooperativas agropecuárias.
Principal linha de refinanciamento das dívidas rurais até aqui, a linha FAT Giro Rural, criada em 2005, terá R$ 465,4 milhões em recursos novos em 2007. Somado aos retornos, o volume total chega a R$ 687,8 milhões. No ano passado, os produtores tiveram R$ 2,65 bilhões à disposição. A linha FAT Giro Cooperativo Agropecuário, que estreou com R$ 100 milhões em 2006, teve seu orçamento reduzido a zero em 2007. Mesmo o Programa Nacional da Agricultura Familiar (Pronaf), que contou com R$ 2,4 bilhões em recursos novos em 2006, terá só R$ 1,1 bilhão neste ano – no total, o volume soma R$ 2,27 bilhões. E o orçamento do Proger Rural, que teve R$ 100 milhões disponíveis, encolheu neste ano para R$ 35,6 milhões.
A forte redução no orçamento dessas linhas vinculadas ao setor rural é explicada pela mudança nos critérios de aplicação dos recursos. O vice-presidente do Codefat, Luiz Fernando Emediato, indicado pela Força Sindical, afirma que as prioridades foram os projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), os investimentos para micro e pequenas empresas e para a agricultura familiar.
"O conselho, que é soberano em suas decisões, aplicou onde achou melhor para o Brasil", resume. "O dinheiro acabou e foi distribuído na mesma proporção do ano passado". Segundo ele, os recursos para capital de giro ficaram mesmo em segundo plano. "Para o giro, meu voto era para não liberar nada. O produtor rural pode recorrer ao Banco do Brasil, que tem a poupança rural como fonte e dinheiro sobrando neste ano", afirmou. Emediato informou que o Codefat destinou R$ 2,9 bilhões ao setor rural nos últimos dois anos.
Vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), o conselheiro Rodolfo Tavares classifica como "inaceitável" o orçamento para 2007. "Houve um acordo de que esses valores seriam revistos porque o corte na agricultura, sobretudo familiar, é inaceitável", disse. Segundo ele, o acordo está registrado na ata da reunião, ocorrida na sexta-feira. "Se o cobertor é curto, ou se deixa todo mundo meio coberto ou todo mundo nu".