A vida muda, os hábitos são substituídos, a tecnologia inventa e reinventa novidades, mas às vezes ficamos apegados a conceitos antigos que nem sempre paramos para questionar.
Dentre eles, um que afeta diretamente nosso negócio e nossas expectativas: “na quaresma cai o consumo de carnes e isso afeta o preço do suíno”.
Essa frase está internalizada em nós, suinocultores, e às vezes agimos sem perceber baseados nessa informação.
Pois bem, nada como dados bem coletados e bem processados para nos ajudar a separar os mitos da realidade, e isso é o que nos trouxe o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq, campus da Universidade de São Paulo em Piracicaba.
Temos as variações do kg do suíno vivo posto no frigorífico da quarta¬feira de Cinzas até a quinta¬feira que antecede a Páscoa, desde 2004, ano em que o Cepea iniciou sua pesquisa diária de preços de suínos em várias regiões do Brasil.
Nesse período de 8 anos, o preço, no fim da Quaresma, é superior ao da Quarta¬feira de Cinzas em 6 anos, e menor em apenas 2 anos.
Portanto, isso prova que nesse período do ano não há nenhuma tendência pré¬definida de baixa de preços, pelo contrário, a tendência é claramente de estabilidade para alta.
O que estamos sugerindo, com essa informação detalhada, é que eliminemos esse mito ao construirmos nosso raciocínio sobre o mercado para o período que se inicia. O preço pode flutuar como faz em qualquer época do ano, sem nenhuma tendência de baixa apenas por ser Quaresma.