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Mercado Interno

Preços de alimentos puxam alta de prévia do IGP-M

A inflação continuará se acelerando até meados de abril, e passará a perder fôlego a partir do fim do mês, dizem analistas.

Preços de alimentos puxam alta de prévia do IGP-M

A inflação continuará se acelerando até meados de abril, e passará a perder fôlego a partir do fim do mês, mantendo trajetória decrescente pelo menos até o encerramento de maio. Essa é a avaliação dos economistas consultados pelo Valor, que estimam alta entre 0,60% e 0,65% para o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) em abril, mês que deverá registrar a maior inflação do semestre.

Ao analisar o desempenho da primeira prévia do IGP-M, divulgada ontem, que apontou alta de 0,50% nos preços, o coordenador de análises econômicas da Fundação Getulio Vargas (FGV), Salomão Quadros, disse que a inflação dos alimentos no varejo tem potencial para se fortalecer nos próximos meses. Para o consumidor, a variação dos preços dos alimentos saltou de 0,06% para 0,46% na prévia. Isso, segundo ele, tende a continuar.

A trajetória da inflação de alimentos processados no atacado mudou na primeira prévia do mês, ressalta Quadros. A variação de preços no segmento saiu de queda de 0,34% para avanço de 1,33%, salientou o coordenador da FGV. “Essa elevação, em algum momento, vai ser repassada para o varejo.”

Para Flávio Combat, da Concórdia Corretora, os alimentos foram a maior fonte de pressão sobre os preços, tanto no atacado quanto no varejo. Os produtos agropecuários no atacado ficaram 0,57% mais caros nesta medição, mostrando que os aumentos estão ganhando força, já que no mesmo período do mês anterior a alta havia sido de 0,30%.

“Já esperávamos esse movimento por conta da entressafra de grãos, principalmente de soja, que afeta toda a cadeia de alimentos”, diz Combat. O produto foi o que mais puxou o avanço de 0,47% no Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) nesta primeira prévia de abril, ao subir 7,59%, após alta de 2,23% no mês anterior.

O avanço da inflação entre março e abril, de acordo com José Carlos Faria, do Deutsche Bank, está intimamente ligado ao comportamento das matérias-primas no atacado. “Mas esse movimento de alta não deve persistir nos próximos meses. Há tendência de queda nos preços das commodities, que reflete a incerteza na economia mundial.” Entre 20 de março e 10 de abril, o índice CRB, que demonstra o comportamento das commodities, recuou 6%.

No varejo, além de alimentação, outro grupo que contribuiu para a aceleração de 0,25% para 0,47% no Índice de Preços ao Consumidor (IPC) entre março e abril foi vestuário. A categoria saiu de queda de 0,35% para alta de 0,78% no período. “Agora estão aparecendo as pressões que normalmente surgem em março, quando há troca de coleções”, observa Combat. Ele ressalta que, como as lojas estavam com estoques altos, as liquidações se prolongaram.

O que surpreendeu Flávio Serrano, do BES Investimento, porém, foi o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), que subiu 0,76% na primeira prévia do IGP-M. O resultado foi puxado por um aumento de 1,08% em mão de obra, que provavelmente inclui resíduos dos reajustes aplicados em março no Rio, Salvador e Porto Alegre. “Esperávamos reajuste nessa magnitude só em maio, com o dissídio em São Paulo.”

Diante da forte alta neste mês, Serrano espera elevações ainda mais intensas na mão de obra em maio e junho. “Provavelmente, o INCC vai dobrar nos próximos dois meses, com altas entre 1% e 2%.”