Da Redação 14/01/2003 – Determinada por lei, é cada vez mais frequente a presença de médicos veterinários nos supermercados como responsáveis técnicos pelos perecíveis, inspecionando e promovendo as condições higiênico-sanitárias ideais para garantir a qualidade dos produtos de origem animal. A presença destes profissionais atende aos interesses do estabelecimento e garante a saúde da população, por isso tem se revelado um ótimo segmento profissional.
Para quem não sabe, no Brasil, desde 1968 a lei 5517 determina a atividade de inspecionar e promover o controle higiênico-sanitário e tecnológico dos produtos de origem animal é de competência de privativa do médico veterinário. De lá para cá, surgiram outros decretos e resoluções sobre o tema, também nos âmbitos estadual e municipal, mas somente nos últimos 10 anos é que a atividade nos supermercados começou a ganhar espaço. Principalmente em Minas Gerais.
Inspeção e Dedicação
A veterinária Gioconda Dias dos Santos trabalha com inspeção alimentar há cinco anos. Desde 2000, é uma das responsáveis técnicas pela rede Epa/Mart Plus de Belo Horizonte, já tendo trabalhado no Carrefour e na inspeção do Estado. No supermercado, ela inspeciona os setores de açougue, frios e perecíveis em geral. Desenvolveu o Manual de Boas Práticas, voltado para todos os funcionários que lidam com os alimentos, além de assessorar o pessoal do Marketing na elaboração de placas que auxiliem o consumidor quanto ao departamento jurídico, caso haja eventuais problemas com os produtos comercializados.
Porém, ela diz que o início desse trabalho não foi fácil. “Em Belo Horizonte as empresas começaram agora a contratar o veterinário por obrigação, por causa da lei, mas já estão percebendo a importância desse profissional”.
Outra veterinária, Júnia Gonçalves, responsável técnica pelo Extra Hipermercados há três anos, acrescenta que além de toda a inspeção é necessário manter a ponte entre os diretores, funcionários e clientes para a boa execução das normas e da saúde do consumidor. “É uma grande responsabilidade que exige intensa dedicação”, diz. Júnia começou cuidando da parte de entrepostos de carnes (recebimento, manipulação, acondicionamento de carnes) e hoje é responsável por todo o setor de perecíveis. Realiza treinamentos internos e vistorias higiênico-sanitárias em horários flexíveis, permitindo o efeito surpresa da inspeção.
Tendência
O presidente da Sociedade Mineira de Medicina Veterinária e professor da UFMG, Wagner Moreira, afirma que o mercado está aberto e que ainda existe uma grande carência de bons profissionais no setor. “O veterinário é necessário nesses estabelecimentos por dois aspectos vitais: o da segurança alimentar e o econômico, porque o mercado visa o lucro. É preciso divulgar que o profissional está presente na fazenda, no abatedouro e no açougue”.