Prezado leitor,
Com relação ao seu questionamento sobre adição de água na mistura em rações fareladas e peletizadas “comerciais”, segue abaixo a minha opinião. Por favor, leve em conta que opiniões são baseadas em experiências, e não representam uma verdade absoluta.
1- Se a empresa é de rações comerciais, não recomendo deixar sequer perto de 12% de umidade através de adição de água. – o motivo é que seria água livre , causando alta ” atividade de água” ( >0,6) , e certamente você terá problemas no ponto de venda , principalmente em áreas de alta umidade , afetando o shelf life.
Você pode acrescentar aditivos para reduzir a atividade de água, mas isso custa na formulação…
2- Entre 10 e 11% de umidade para rações peletizadas eu considero normal. Determine a umidade média de cada tipo de ração farelada antes de entrar no condicionador, e lembre-se que uma coluna resfriadora (mesmo as de contra fluxo) são apenas resfriadoras, e não secadoras… Se alem da umidade proporcionada pelo vapor, você adicionar mais de 0,5% ou 1% de água em um dia chuvoso, pode ter dificuldade em conseguir obter cerca de 10 a 11,5% de umidade na ração final, e atividade de água <0,6.
Eu pessoalmente só considero válido adicionar cerca de 1 a 2% de água na mistura em rações peletizadas com altos teores de açucares e leite em pó, porque a água atua como lubrificante sem afetar muito a qualidade do pelllet. Nesses casos, a temperatura na saída da matriz não deve ultrapassar 65°C.
3- Não adicione água no condicionador-o sistema de vapor (se está bem desenhado) deve prover adição de vapor sem condensado.
4- Água na mistura só em caso de rações de alto teor de açúcar / soro/ leite, e ainda assim com extremo cuidado quanto à quantidade e a maneira como é adicionada (contra a subida da massa), com bicos em leque (no plural) tomando toda a extensão do misturador, e nunca ultrapassando uma vazão de 5% da capacidade do misturador por minuto-Essa regra vale para a maioria dos misturadores.
EX: se você vai adicionar 30 litros de água em um misturador de 3000 kg, o tempo necessário para isso não pode ser menor que 12 segundos – de preferência 20 – senão você vai ter grumos. Desde que adicionada corretamente, você não vai ter grumos ou contaminações no sistema.
Mas de uma forma geral, não recomendo adição de água no misturador, à não ser nos casos específicos acima citados.
(No caso de rações de produção (alta desempenho- ex – frango de corte), a água adicionada tem que ser formulada, portanto não representa um “ganho” real de peso). E no caso de rações comerciais de média / baixa performance (peletizadas, – não extrusadas), a faixa em que você pode operar é tão estreita e as chances de adição errada são tão grandes, que a coisa simplesmente não compensa…
Resumindo, como dizem os americanos, “no free lunch” – não há lanche grátis…
Quando se trata de rações extrusadas, daí a abordagem é diferente – normalmente se adiciona parte do vapor e toda a água necessária para o cozimento no condicionador, e através de um bom secador (que fornece variação máxima de 0,5%), você deixa a ração final sair com no máximo 10,5% de umidade, e atividade de água < 0,6.
Simplesmente não dá para correr riscos de devolução de ração por mofo…
Mas para isso é preciso ter um secador eficiente, pois o que se vê no mercado são rações extrusadas cuja umidade varia de 7 a 10% – isso por receio que a barreira do 0,6 de atividade de água seja ultrapassada -, que no caso de pet food é desastroso.
Resumindo Carmo: se você adicionar água no misturador de maneira que seja nada menos que “perfeita”, você vai ter problemas.
Por “‘maneira perfeita” quero dizer: medidores mássicos, excelente automação, vazão super controlada e adição bem pulverizada em leque no modo correto-resumindo: é caro, e na minha modesta opinião não vale a pena. (já fiz isso).
Abraço, e Sucesso sempre!