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Alimentação animal: Retrospectiva do 1º trimestre e previsões - por Ariovaldo Zani

Confira os dados da cadeia de nutrição animal brasileira em artigo exclusivo.

Alimentação animal: Retrospectiva do 1º trimestre e previsões - por Ariovaldo Zani

De janeiro a março, o produtor de frangos de corte demandou 7,7 milhões de toneladas de rações, um avanço de 2,3%, enquanto o alojamento de pintainhos cresceu 3,5% e a produção de carne de frango ligeiro incremento, quando comparados ao contabilizado no primeiro trimestre do ano passado. Apesar da capacidade do consumidor bastante comprometida por causa da recessão econômica brasileira, a provável moderação nos preços do milho e do farelo de soja, e eventual incremento das exportações de frango, beneficiadas pelos embargos ao produto americano que sofre com surto de influência aviária, pode ainda culminar na produção de 32,3 milhões de toneladas de rações, um crescimento da ordem de 3,1% em relação a 2014.

A produção de rações para galinhas de postura, por sua vez, somou 1,25 milhão de toneladas de janeiro a março e retrocedeu 11%, em resposta à diminuição do alojamento das pintainhas. O descarte de poedeiras verificado resultou do excesso na oferta de ovos disponibilizada no ano passado e deterioração da capacidade de compra do consumidor, acentuada pelo preço 5% acima daquele apurado durante o primeiro trimestre de 2014. A combinação da acomodação do preço futuro do ovo e a estabilidade no custo do milho e do farelo de soja podem ainda determinar demanda de 6,1 milhões de toneladas de rações em 2015.

De janeiro a março, a arroba do boi terminado permaneceu valorizada e redundou no consumo de aproximadamente meio milhão de toneladas de rações. Todavia, o alto custo da reposição, tanto do boi magro e sobretudo do bezerro ainda escassamente ofertados, além das exportações de carne bovina que retrocederam mais de 17% no período apurado, inibiram uma demanda mais vigorosa de pacotes tecnológicos. O patamar de preço da carne bovina continua incomodando o bolso do consumidor doméstico, no entanto, a tendência de câmbio mais competitivo, a retomada do vigor dos embarques e a reabertura dos mercados do Iraque, África do Sul, China e Arábia Saudita, poderão estimular a cadeia produtiva e redundar na produção de mais de 2,8 milhões de toneladas de ração e mais de 2,6 milhões de toneladas de sal mineral em 2015.

A falta de chuvas, no início do ano, afetou as pastagens nas regiões Sudeste e Centro-Oeste e o excesso pluviométrico em outras bacias produtoras atrapalhou a captação, enquanto a paralisação dos caminhoneiros interrompeu o abastecimento dos varejistas que também demonstraram desinteresse por acumular estoques de leite e derivados, por conta do menor ímpeto dos consumidores. A desvalorização da moeda local frente ao dólar encareceu a aquisição de insumos importados e, de janeiro a março do ano corrente, a demanda por rações para gado leiteiro alcançou pouco mais de 1,26 milhão de toneladas e retrocedeu cerca de 3%, quando comparada ao mesmo trimestre do ano passado. A expectativa de moderação na cotação do milho e farelo de soja, utilizados nos concentrados energéticos, pode contribuir para recuperação da indústria de rações e elevar a produção em 2015 para o patamar de 5,6 milhões de toneladas.

A combinação do alívio do custo do milho e do farelo de soja com a queda nos preços pagos aos produtores de suínos, resultou em ligeiro aumento dos abates no primeiro trimestre, quando comparado ao mesmo período do ano passado, embora a oferta continuasse bastante alinhada à demanda dos consumidores. A demanda por ração, por sua vez, manteve-se praticamente estável e somou pouco mais de 3,6 milhões de toneladas de janeiro a março. O moderado estímulo à produção de carne suína, determinado pelas oportunidades de exportação podem ainda redundar na demanda de 15,4 milhões de toneladas de rações, um avanço de 1% em 2015.

A projeção da cadeia produtiva da aquicultura aponta crescimento de quase 10%, ou seja, aproximadamente 890 mil toneladas, ao longo de 2015, porque segue pressionada por desafios sanitários, avanço da importação dos pescados asiáticos e, também pela influência do clima e da capacidade hídrica reservada (Furnas, por exemplo, tinha apenas 20% do volume útil de armazenamento).

Mesmo diante da crescente inserção dos animais de companhia na moderna sociedade brasileira, seja na participação em terapias, políticas de inclusão social ou mesmo lazer, a demanda pela alimentação industrializada, acabou prejudicada pelo comprometimento do poder de compra do consumidor afligido pelo fantasma do desemprego e encarecimento e escassez de crédito. Como resultado, a produção de alimentos para cães e gatos somou pouco mais de 539 mil toneladas até março, um recuo de quase 3% em relação ao primeiro trimestre do ano passado. Apesar do arrefecimento momentâneo no ritmo de crescimento do comércio varejista em geral, a demanda ainda poderá crescer mais 5% e alcançar mais de 2,6 milhões de toneladas em 2015, estimativa calcada nos hipotéticos efeitos pós ajuste econômico e no fenômeno da antropomorfização e exercício crescente da posse responsável.