Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Revista

Avicultura Industrial em Foco: Alternativas para alimentação de frangos de corte, segundo Embrapa

Avicultura Industrial em Foco: Alternativas para alimentação de frangos de corte, segundo Embrapa

O artigo apresenta uma avaliação detalhada sobre a disponibilidade de ingredientes que podem ser utilizados na alimentação de aves, destacando também as implicações técnicas do uso de alternativas na produção de frangos de corte. Através de dados oficiais, explora-se os ingredientes disponíveis em quantidades suficientes para substituir parcialmente o milho, que é um dos principais componentes da ração.

Cenário de Preços

Atualmente, os altos preços do milho e do farelo de soja no Brasil têm impactado negativamente a rentabilidade da produção avícola. Desde o início de 2018, o preço médio da saca de 60 kg de milho em Santa Catarina subiu 200,3%, passando de R$ 35,40 em janeiro de 2018 para R$ 106,32 em maio de 2021, conforme dados do CIAS (Embrapa Suínos e Aves). Da mesma forma, o farelo de soja teve um aumento de 121,66% no mesmo período, subindo de R$ 1.200 para R$ 2.660 por tonelada. Com isso, o custo de produção de frangos de corte elevou-se em cerca de 127,5%, dependendo dos insumos utilizados ao longo dos últimos 42 meses.

Crises de Abastecimento e Alternativas

De acordo com o Economic Research Service (ERS) do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), as crises de abastecimento global de milho, soja e trigo são recorrentes e influenciadas por diferentes fatores. Exemplo disso são os aumentos de preços durante a década de 1970, no final dos anos 1990, entre 2006 e 2008 e, mais recentemente, em 2012, devido à quebra da safra de milho nos EUA. No Brasil, fatores climáticos como a quebra da segunda safra de milho em 2016 e a redução da produção em 2021 também contribuíram para o aumento dos preços, agravado pela crescente demanda.

Historicamente, um exemplo notável ocorreu na década de 1970, quando a quebra de safra no bloco soviético resultou em uma crise de abastecimento global em julho de 1973, levando a um aumento de 30% a 50% nos preços globais de cereais em apenas seis meses. Este evento, conhecido como “Great Grain Robbery”, impulsionou a criação de modelos econométricos pela ERS para analisar os mercados de commodities agrícolas. Tais modelos servem, até hoje, como ferramentas analíticas para entender a produção, a demanda e os mecanismos de comercialização.

Este panorama reforça a necessidade de mecanismos eficientes que utilizem inteligência analítica para interpretar o mercado agrícola, garantindo uma melhor orientação sobre a produção e comercialização de ingredientes utilizados na alimentação animal.

O desafio de garantir a disponibilidade de milho a preços acessíveis envolve uma série de variáveis internas e externas. Essas variáveis influenciam diretamente o mercado e a capacidade de oferta do grão. Entre os fatores que devem ser considerados estão:

  1. Oscilações na produção interna: A produção de milho sofre impactos dos fatores climáticos, o que pode resultar em flutuações significativas de safra.
  2. Produtividade reduzida: Pragas que afetam a primeira safra no Sul do Brasil e atrasos no plantio da segunda safra no Centro-Oeste também contribuem para a menor oferta de milho.
  3. Logística: O custo no pós-colheita, o transporte de longas distâncias e o armazenamento são fatores críticos que elevam o preço final do milho.
  4. Demanda interna crescente: Com o aumento da produção de proteína animal no Brasil, a demanda por grãos, especialmente milho, aumenta significativamente.
  5. Preço do petróleo: O valor do petróleo tem impacto direto na demanda por etanol de milho, utilizado como combustível, o que também pode reduzir a disponibilidade do grão para alimentação animal.
  6. Baixa disponibilidade internacional: A demanda global por milho tem sido alta, enquanto os principais produtores mundiais enfrentam desafios que resultam em menor oferta.
  7. Câmbio: A valorização do dólar influencia tanto a exportação de milho quanto a de proteína animal, tornando mais atrativo vender no mercado externo.
  8. Remuneração do capital produtivo: A baixa taxa de juros e as poucas opções de investimento mais rentáveis desestimulam a expansão da produção agrícola.
  9. Mudanças estruturais: A transição das sociedades de rurais para urbanas, com maior demanda por proteína animal, impacta o consumo de milho.
  10. Demanda acelerada por alimentos: Nas economias em desenvolvimento, onde a renda está longe de se estabilizar, a demanda por alimentos continua crescendo rapidamente.
  11. Peste Suína Africana (PSA): A epidemia de PSA alterou os sistemas de produção em vários países, aumentando o uso de milho e farelo de soja na alimentação de suínos.

Disponibilidade

A Tabela 01 do estudo traz estatísticas que mostram uma redução de 6,2 milhões de toneladas nas projeções de produção de milho. Esse decréscimo reflete diretamente no balanço de oferta e demanda, sugerindo que, a menos que novas soluções sejam encontradas, a disponibilidade de milho continuará sendo um desafio para o mercado interno e para os produtores de proteína animal.

Esse panorama reforça a necessidade de políticas que busquem inibir especulações fora de controle, a fim de estabilizar o mercado e assegurar o fornecimento de milho a preços mais acessíveis.