Redação (11/09/2008)- Foi só o preço dos insumos das aves aumentar para o produtor recorrer a alternativas mais criativas e eficientes como saída para conter a alta do custo de produção. Os complexos enzimáticos caíram no gosto do criador de aves e em 2008 o consumo desses aditivos superaram as expectativas dos fornecedores, que chegaram a dobrar o volume comercializado.
"Quando a enzima entra na composição da ração, ela ocupa o espaço de outros ingredientes, além de otimizar os nutrientes do milho. Ela permitiu então um equilíbrio no custo da ração, eu posso dizer até que para o produtor está mais em conta", avalia Ariovaldo Zanni, diretor executivo do Sindicato Nacional das Indústrias de Alimentação Animal (Sindirações).
Ariovaldo aponta ainda o aumento vertiginoso do fosfato – componente antigo da ração – em 2007, como um dos motivos da adesão às enzimas. "O preço triplicou, e para piorar, o custo do farelo de soja também aumentou muito. É aí que entra a enzima. Ela é uma solução maravilhosa para a alimentação animal, mas o Brasil é totalmente dependente do mercado externo.
Os navios que partem do México com destino ao porto de Paranaguá estão mais cheios de complexos enzimáticos. A carga extra demandada pelo mercado interno coloca em cada embarcação pelo menos 80 toneladas por mês, quase o dobro da quantidade transportada no período em 2007. Essas remessas são referentes apenas aos estoques da Alltech abastecidos pela fábrica da empresa no vizinho latino. Com isso, a participação da multinacional no mercado brasileiro de enzimas deve passar de 8% para 12%, de acordo com as previsões da empresa.
O nutricionista Gilson Gomes, da Globoaves, reforça a tese da alta do fosfato como fator determinante para a adição de uma dose extra de determinadas enzimas na alimentação das aves. A empresa que ele atende não é uma das 80 consumidoras da Alltech espalhadas pelo país, mas também aderiu à enzima para reduzir os custos de produção.
Segundo dados do Sindirações, o preço da tonelada das rações que em 2007 era de US$ 140, subiu para US$ 240 em janeiro de 2008, e, de acordo com a última cotação, já superou os US$ 335. Com o uso de complexos enzimáticos, os avicultores podem conseguir uma redução de cerca de R$ 15,00 ou 3% do montante gasto com a tonelada da ração, e o preço das enzimas já está embutido nesta conta.
A economia aparece também no tempo necessário para a engorda da ave. Se antes ela levava 40 dias para pesar 1,7 quilo, hoje, graças ao uso de aditivos, esse peso já pode ser alcançado no 34 dia. O tempo de alojamento é mais um dos elementos de redução do custo de produção.
O gerente de enzimas da Alltech, Breno Soares, explica que o uso do produto pode induzir o animal a reter 4% a mais da energia disponível na ração. "No caso do fósforo, por exemplo, as enzimas alteram a estrutura química dele e assim o nutriente consegue ser digerido pela ave, e uma quantidade bem menor é excretada no meio ambiente", explica Soares. O reconhecimento desse beneficiamento na alimentação do animal por parte do produtor gerou a expectativa de um crescimento de outros 30% no lucro da empresa só neste fim de ano. "Os nossos estoques já estão carregados para atender essa demanda que não pára de crescer", comemora Breno Soares.
Criador inova no preparo das rações
<p>Os complexos enzimáticos caíram no gosto do criador de aves e em 2008 o consumo desses aditivos superaram as expectativas dos fornecedores.</p>