O mercado de proteína está em constante ascensão. Nos últimos 10 anos, todas as criações de animais – como aves e suínos – registraram crescimento. O segmento de nutrição animal acompanhou essa tendência e hoje produz, mundialmente, 1 bilhão de toneladas por ano e movimenta US$ 370 bilhões. Neste cenário, o Brasil tem grande papel. É um dos principais produtores de ração e insumos do planeta. Detém tecnologias, promove inovações, realiza pesquisas importantes para atender a demanda ascendente provenientes do quatro cantos do mundo, mantendo um custo competitivo perante aos concorrentes. No entanto, para Mario Sergio Cutait, presidente da Federação Internacional da Indústria de Alimentação Animal (IFIF) e diretor do Grupo M.Cassab, tais avanços não chegam ao ouvido do consumidor final, o que prejudica a imagem da cadeia na sociedade, que ainda “prefere confiar num grande varejista do que nas representações de nutrição animal”. Cutait justifica a afirmação, entre ontros exemplos, com o caso do uso de hormônios na produção de frango. “As informações sobre os avanços em genética e nutrição nunca chegaram ao consumidor. Sabemos que a avicultura brasileira não utiliza hormônios em sua produção. Que isso é proibido ha anos. Mas o consumidor acaba por confiar, hoje em dia, na marca que destaca tal propriedade. Ou no supermercado que vende o frango. Porque não confiou antes? Porque não agimos antes?”, argumenta o dirigente. “Há uma falha grave de comunicação na cadeia de nutrição. Comunicamos para nós mesmos, mas não para o consumidor final. Então não adianta produção segura, avanços em tecnologia, apresentação de novos componentes ao mercado, se, no final das contas, o consumidor não confiará plenamente naquilo que é apresentado”.
De acordo com Cutait, a cadeia de nutrição animal precisa aprender a falar com o consumidor de forma ativa. Entidades e empresas devem se unir para planejar uma comunicação integrada e efetiva. “O consumidor tem dúvidas. Quer saber mais sobre o que compra. Insegurança é um risco para nossa cadeia. Hoje ninguém sabe como se produz ração no Brasil. Precisamos ser mais transparentes”, exalta Cutait que também criticou a atuação do governo. “Nos Estados Unidos, se o FDA [U S Food and Drug Administration] diz que o consumo de alguma substância é seguro, a população acredita. E nós? O consumidor confia no Mapa [Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento]? Eu acho que não”.
Cutait finaliza que a cadeia de nutrição precisa se esforçar para defender a ciência, de maneira que as decisões sejam científicas e nunca baseadas num viés ideológico. “Acrescento ainda que junto à cadeia produtiva devemos nos comunicar com o consumidor de forma proativa. E que além do desafio de produzir mais alimentos a um custo acessível, que o consumidor tenha a segurança e uma boa imagem do alimento que consome”, disse.
VI Clana
O presidente da IFIF participou ontem (24/09) do VI Congresso Latino Americano de Nutrição Animal (CLANA), onde proferiu palestra sobre tendências da produção de ração e proteína animal. O evento segue até o dia 26 de setembro em São Pedro (SP). Mais informações: http://www.cbna.com.br/