Da Redação 20/10/2003 – 04h15 – O Departamento de Produção Animal da Esalq/USP apresenta a evolução cronológica dos aditivos na alimentação. Confira.
1847 – Blondeau identifica o ácido lático como um produto da fermentação do leite.
1877 – Foi isolada em cultura pura a bactéria lática Streptococcus lactis.
1899 – Weigmann define bactérias láticas como as que produzem leite ácido (ácido lático) a partir do açúcar do leite (lactose).
1907 – Primeira informação científica sobre a influência dos leites fermentados na saúde humana. Observando a longevidade dos camponeses búlgaros, Ilya Metchnikoff, pesquisador russo do Instituto Pasteur, em Paris, decidiu analisar o ambiente em que eles viviam e sua dieta constituída basicamente de leite fermentado à base de bactérias produtoras de ácido lático. Após essa descoberta e estudos posteriores, Metchnikoff utilizou, em experiências alimentares com humanos, microorganismos isolados do leite fermentado da região. Várias foram as tentativas de fixar no intestino os microorganismos utilizados no iogurte. Desde aquela época, despertou-se o interesse por produtos fermentados na tentativa de explicar cientificamente os efeitos benéficos obtidos por meio do consumo desses produtos.
1924 – A idéia de bactérias do ácido lático excretando metabólicos, que são prejudicias aos patógenos, ou excluindo-os por meio de sítios de colonização, recebeu uma de suas principais comprovações científicas com o trabalho de Marriot e colaboradores, que realizaram uma pesquisa com recém-nascidos do Hospital Infantil de Washington. As crianças receberam quantidades similares de leite fresco com e sem ácido lático. Tiveram um maior ganho de peso diário os que receberam o leite com adição do ácido lático.
1933 – Pesquisadores da Universidade de Cornell descobriram que todos os animais de sangue quente tinham os mesmos microorganismos produtores de ácido lático do iogurte no seu intestino delgado. Levaram cerca de 25 anos para descobrir a exata relação entre estes microorganismos.
1935 – Shirota, no Japão, isolou o Yakult (iogurte), Lactobacillus capaz de se fixar no trato gastrointestinal.
1943 – Início da Era dos Antibióticos, Alexander Fleming descobre a penicilina que foi usada durante a Segunda Guerra Mundial para prevenir as mortes causadas por ferimentos infetados. A partir daí foram descobertos outros antibióticos, largamente utilizados nas terapias contra doenças bacterianas humanas. Utilizavam-se pequenas doses e obtinham-se grandes resultados. Os probióticos foram praticamente esquecidos.
Década de 50 – Utilização de antibióticos na alimentação animal com a finalidade de cura e de prevenção de doenças, bem como de acelerar o desenvolvimento por meio da exclusão de microorganismos que competissem pelo alimento no trato intestinal. Os resultados, alcançados rapidamente, fascinavam os produtores, pois até mesmo com pequenas doses se obtinha sucesso em todos os sentidos: crescimento, conservação alimentar e prevenção de infecções. As condições de higiene e criação eram bem inferiores às de hoje, e o uso dos antibióticos foi um sucesso. Assim, o uso “espetacular” dos antibióticos foi propagado no mundo.
Década de 1960 – Pela primeira vez, o termo probiótico, que significa “a favor da vida”, foi usado. Adotada sem critérios e diária, esse tipo de medicação acarreta não apenas a destruição das bactérias patogências, como também das benéficas. Além disso, o aparecimento da resistência bacteriana, pelo emprego indiscriminado e abusivo de antibióticos, traz várias conseqüências, como a queda na eficiência doas antibióticos, já que os animais podem ser acometidos por uma infecção provocada por um germe resistente ao antibiótico; transmissão dessas bactérias resistentes ao homem por meio do consumo de carnes e derivados ou pelo contato com os animais. A presença de resíduos não degradáveis de antibióticos nos alimentos de origem animal pode contribuir para um aumento desses problemas.
Década de 1970 e 1980 – Início do uso de Lactobacillus acidophilus como suplemento alimentar para animais. Autoridades e órgãos de saúde internacionais passaram a se preocupar com as rações animais que continham antibióticos, fazendo surgir, nos países de primeiro mundo, normas rigorosas para o emprego de antibióticos nessas formulações. A intenção básica era proteger o consumidor, já que a presença de resíduos ( como as penicilinas) em produtos comestíveis poderia causar toxidade em pessoas sensíveis, além de evitar que o tratamento de doenças infecciosas humanas fosse prejudicado pelo aparecimento de bactérias resistentes. Havia ainda a preocupação com a proteção do meio ambiente, pois é desconhecida nessa fase a ação dos antibióticos na flora microbiana do solo, principalmente, quando excretados pelas fezes ou urina dos animais. Nos países europeus, onde a legislação é mais rigorosa, o uso da penicillina, tetraciclina, clortetraciclina, oxitetraciclina, estreptomicina, neomicina, e higromicina, bacitracina de magnésio foi suspenso, sob a alegação de que a atividade desses antibióticos, quando utilizados na terapêutica humana, poderia ser menor. Pesquisadores passaram a procurar alternativas, porque a pura e simples retirada dos antibióticos como promotores de crescimento causaria sérios problemas na produção de proteína animal, pela queda no desempenho dos animais. O interesse centralizou-se em um dos mecanismos de defesa natural dos animais, que até o momento havia recebido pouco atenção: a população de microorganismos não-patogênicos presentes no trato intestinal de todos os animais domésticos e do homem, mantendo com estes uma relação simbiótica que foi denominada probiose. Os Probióticos, que estavam esquecidos, retornaram ao topo das discussões científicas.
Década de 1990 no Brasil – A portaria número 159, de 13 de junho de 1992, do Ministério da Agricultura e Reforma Agrária, proibiu o uso de determinadas drogas nas rações animais, deixando claro que a preocupação com o uso de antibióticos é cada vez mais evidente no Brasil, porque o País exporta produtos de origem animal para países europeus. O Brasil pode sofrer sanções por estar empregando as drogas proibidas por esses países na alimentação animal. A Portaria 159 determina o banimento da tetraciclina, terramicina, clorafenicol e sulfonamidas sistêmicas das rações animais. Início do uso comercial dos probióticos para animais no Brasil. A Biotecnal é a pioneira na produção e comercialização de probióticos totalmente nacionais (1991).