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Garantia de qualidade

Método desenvolvido na Unesp identifica com precisão componentes da ração fornecida a frangos de corte.

Processo pode ser usado por produtores do setor avícola

Redação AI 27/01/2004 – 06h40 – Em 1986 foram registrados, na Inglaterra, os primeiros focos da Encefalopatia Espongiforme Bovina, o “Mal da Vaca Louca”, que já atingiu também o Japão e o Canadá. A doença, causada por um príon – proteína encontrada em várias células -, resulta na degeneração do sistema nervoso dos animais. A principal forma de contaminação é a alimentação composta por ração com subprodutos de origem animal infectada pela moléstia. Para proteger a população, a União Européia proibiu o uso de ração animal na alimentação de animais para o corte.

Para garantir que o produto brasileiro seja aceito internacionalmente, Alfredo Sampaio Carrijo desenvolveu em sua tese de doutorado em Zootecnia na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da UNESP, campus de Botucatu, juntamente com o professor Carlos Ducatti, um método para identificar a presença de componentes de origem animal na ração que serve de alimento a frangos de corte. “Essa técnica permite a certificação de origem e de qualidade da carne para consumo humano, já que garante que o frango está ingerindo uma ração estritamente de origem vegetal”, afirma Carrijo, médico veterinário e professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

Para serem analisadas, as aves foram alimentadas durante 42 dias com diferentes proporções de farinha de carne bovina na ração, e depois foram abatidas dentro dos padrões humanitários. O músculo do peito, cortado em pequenas fatias, foi colocado em estufa de ventilação forçada para secar por dois dias. Após a secagem, o tecido muscular foi moído em nitrogênio líquido a -196C , formando um pó fino que ao ser queimado produziu gases que foram analisados no Espectrômetro de Massas, para a mensuração dos isótopos estáveis do Carbono e Nitrogênio. “O processo permite que se afirme com 99% de certeza que o frango foi alimentado exclusivamente com ração de origem vegetal”, diz o médico veterinário.

O método pode ser utilizado por exportadores e importadores de carne de frango e por órgãos de fiscalização sanitária e de pesquisa. Os exames serão fornecidos pelo Centro de Isótopos Estáveis (CIE), do Instituto de Biociências (IB) da UNESP, campus de Botucatu, onde o pesquisador desenvolveu seu doutorado. “O custo ficará em torno de US$ 20 por análise”, afirma Carrijo.

Segundo o médico veterinário, a farinha de subprodutos de origem animal, desde que presente nas devidas proporções, não é prejudicial ao desenvolvimento do frango e a sua utilização é permitida no Brasil. “A maioria das indústrias avícolas utiliza até 8 a 9% de farinha de origem animal nas rações. Isso gera uma economia para o produtor, já que 1 kg de farinha de carne, que custa R$ 0,35, substitui 1 kg de farinha de soja, que custa R$ 0,80”, explica. “Ainda que o Brasil não tenha apresentado casos de ””Vaca Louca””, precisa provar que seu produto é saudável e de origem exclusivamente vegetal”, conclui Carrijo.