“Os minerais orgânicos não são os únicos novos personagens da corrida da indústria de alimentos em busca de maior eficiência e proteção da saúde de pessoas e animais. Além dos minerais, as leveduras vivas e enzimas ganham espaço nessa nova onda que move a biotecnologia em todo o planeta”, ressalta Lyons, que falou para uma atenta platéia de 1.083 especialistas em alimentação (humana e animal) 39 do Brasil vindos de 64 diferentes países dos cinco continentes.
“A comprovada `proteção` natural contra o câncer, o aumento de dois leilões por porca/ano, o aumento em 7% da energia disponível nas rações vegetais enriquecidas com enzimas, que aceleram o ganho de peso das aves, a elevação de até 20% nos índices de proteína do leite de vacas que recebem leveduras vivas e maior fertilidade dos bovinos em geral. Estas e outras importantes vitórias da biotecnologia estão associadas a uma outra, que diz muito mais de perto aos consumidores comuns: segurança alimentar. Além de proporcionar ganhos de produtividade e ajudar na proteção dos nossos organismos contra enfermidades perigosas e fatais, minerais orgânicos, enzimas e leveduras vivas da cepa selecionada 1026 não deixam resíduos nos alimentos consumidos, garantindo maior qualidade de carnes, ovos e leite colocados à mesa”, explica Pearse Lyons.
A pesquisadora Inge Russel, Heriot-Watt University, de Edimburgo (Escócia), que abriu o 19o Simpósio Anual da Indústria de Alimentação, jogou luz sobre os avanços da ciência. Inge explica que a biotecnologia ainda está no início da terceira onda, em que se discute produtos agrícolas e animais transgênicos. “Há ainda uma era ainda mais dinâmica pela frente, em que a biologia molecular será a estrela principal. Trata-se da união da tecnologia com a informática, do mapeamento do genoma do homem e dos animais. Com isso, teremos condições de avaliar com muito mais segurança os ganhos obtidos com a alimentação natural, mas é possível se imaginar a possibilidade de saber se uma mulher tem propensão ao câncer de mama ou, no caso do homem, se há risco de câncer da próstata. Transferindo para os animais, poderemos enriquecer na dose certa a carne, o leite ou os ovos, incluindo em sua composição minerais, enzimas, leveduras de cepas selecionadas e outros ingredientes que possam aumentar a eficiência produtiva e reprodutiva ao mesmo tempo que ajudam a proteger a vida dos consumidores finais. Imagine ovos que já vêm com determinada vacina ou arroz que tenha vitamina A suficiente para prevenir a cegueira”, afirma a pesquisadora.
“Ao mesmo tempo em que os avanços em termos de segurança alimentar são festejados é preciso estar alerta contra os agentes nocivos, como as micotoxinas”, assinala o professor Trevor Smith, da Universidade de Guelph (Guelph, Canadá), que recebeu no evento a medalha de Excelência em Biociência por seus estudos sobre as toxinas ligadas à indústria de alimentos para animais e sobre as soluções naturais para combater esses infectantes. Partindo de uma constatação dramática de que pelo menos 25% da produção mundial de grãos contém micotoxinas em algum nível, Smith relata as vantagens de se utilizar adsorventes naturais (leveduras) para proteger os grãos contra a ação das micotoxinas. “Trata se um método extremamente eficaz, que evite a presença de diversas toxinas a mais conhecida e perigosa é a aflatoxina , além de manter as características naturais das sementes, permitindo sua utilização na indústria de alimentos para animais, por exemplo, com total segurança”, explica Trevor Smith.
O mundo exige ingredientes naturais nos alimentos
A preocupação com a qualidade dos animais que consumimos está na pauta do dia em todo o mundo. A segurança alimentar, entendida como a garantia de levarmos à mesa produtos de origem animal sem resíduos químicos e que sejam de origem conhecida e certificados por órgãos de saúde, além de se originar de criações que respeitam o meio ambiente e de haver rastreabilidade em todo o processo, é o atual argumento mais para a imposição de restrições à entrada de produtos de outras partes do planeta. À frente dessa verdadeira revolução nas relações comerciais está a União Européia. Desde 1994, um movimento interno na UE trabalha para banir o uso de antibióticos promotores de crescimento que deixam resíduos nos alimentos de origem animal.
Essa pressão dos europeus já tem data. A partir de 01 de janeiro de 2006 não será permitida a entrada na União Européia de alimentos cujos animais tenham recebido aditivos promotores de crescimento. “Isso significa que as indústrias brasileiras de aves, suínos e bovinos que exportam para a UE têm de se mexer rápido para atender essa exigência. É importante ressaltar que não se trata de uma possibilidade, mas de uma realidade, pois a decisão já foi tomada pela Autoridade Européia de Segurança Alimentar (EFSA)”, acrescenta Jon Ratcliff. Ele lembra que Dinamarca e Suécia já tomaram, por conta própria, a decisão de banir todos os promotores de crescimento e pedem, ao lado da Alemanha, que a UE antecipe para janeiro de 2005 a proibição dos quatro últimos antibióticos que ainda são utilizados no continente. E mais: A EFSA definiu verba de US$ 20 milhões para que técnicos europeus possam visitar os países exportadores, como o Brasil, para reforçar a preocupação da União Européia sobre segurança alimentar e comprovar, in loco, que estejam sendo tomadas as medidas solicitadas. “A UE está levando muito a sério esse projeto de segurança alimentar, especialmente após os recentes casos de dioxinas, resíduos de nitrofurano em carnes, vaca louca e outros”, ressalta Ratcliff.
Soluções naturais proporcionam ganhos no Brasil
Minerais orgânicos, leveduras vivas da cepa 1026 e enzimas naturais já são utilizadas com excelentes resultados no Brasil há pelo menos uma década, a partir da vinda para o País da Alltech, líder mundial em soluções naturais para alimentação e saúde animal. O Brasil, aliás, é o maior mercado da empresa fora dos Estados Unidos.
As indústrias avícolas e suinícolas, especialmente as que participam ativamente do mercado externo reconhecem a necessidade de incorporar soluções naturais na alimentação de aves e suínos. O segmento de pequenos animais apenas recentemente passou a considerar o uso desses ingredientes, atendendo exigência dos próprios donos de pets, que demandam qualidade superior para os alimentos dos seus animais de estimação. Da mesma forma, os criadores de eqüinos e os pecuaristas (corte e leite) também passam a perceber as vantagens produtivas e reprodutivas dos insumos naturais. Não se trata mais de uma alternativa para a nutrição animal, mas uma solução efetiva, tendo como foco a segurança alimentar e ausência de resíduos químicos nas carnes, leite e ovos.
O grupo de 39 brasileiros que participou do 19o Simpósio Anual da Indústria de Alimentação, em Lexington (Kentucky, EUA), na primeira quinzena de maio, pode acompanhar relatos de três especialistas no assunto e comprovar os ganhos proporcionados pela utilização de soluções naturais na alimentação animal.
Marcelo Schang, pesquisador do INTA (Instituto Nacional de Tecnologia Agrícola), da Argentina instituição equivalente à Embrapa relatou que estudos feitos em seu País e por organizações oficiais do Brasil comprovam redução de custo de US$ 6 por tonelada de rações com a utilização da enzima Allzyme Vegpro, produzida pela Alltech. “Além disso, o ingrediente natural proporciona melhor uniformidade dos lotes de aves, levando à melhoria da produtividade”, ressalta Schang. O consultor brasileiro Ronei Gauer apresentou aos grupo de brasileiros os resultados de uma recente pesquisa, que comprova ganhos de até 5% na conversão alimentar de aves de corte com o uso de promotores de crescimento naturais. “Os ganhos aos avicultores pagam o investimento em insumos naturais”, explica Gauer. O professor Fernando Rutz, da Universidade Federal de Pelotas (RS), levou para Lexington os resultados parciais de um estudo com Nupro, mais recente lançamento da Alltech no Brasil, produto rico em nucletídeos e aminoácidos. “Os resultados em termos de produtividade são expressivos”, atesta Rutz. “Comparando lotes de aves de corte até 31 dias de vida, os ganhos de peso com Nupro foram 2,78% superiores”, afirma.