Da Redação 29/07/2003 – A Alltech do Brasil, promoveu encontro técnico sobre micotoxinas entre especialistas do Brasil e o professor indiano G. Devegowda, uma das maiores autoridades em avicultura da atualidade. O objetivo principal do encontro, realizado na sede da Associação Gaúcha de Avicultores (ASGAV), em Porto Alegre, no dia 22 de julho, foi alertar os avicultores e as indústrias de rações para o perigo das micotoxinas – problema presente em 25% da produção mundial de grãos -, ampliando o debate sobre os prejuízos causados por essas pragas nos grãos. Além de importantes integradoras avícolas da região Sul, participaram os especialistas brasileiros Elizabeth Santin, doutora em Medicina Veterinária pela Universidade Estadual de São Paulo (FCAV/UNESP), e Jânio Santúrio, médico veterinário pela Universidade Federal de Santa Maria (RS) e mestre em Micologia e Micotoxinas pela Universidade Rural do Rio de Janeiro, com mais de 68 trabalhos publicados sobre o tema.
G. Devegowda, chefe do departamento de avicultura da Universidade de Ciências Agrícolas de Bangalore (Índia), fez um grave alerta sobre a importância do tempo no processo de controle das micotoxinas. O especialista explicou que a ração atravessa o trato digestivo de aves e suínos em cerca de três horas. Porém, a maioria das micotoxinas presente na ração é liberada 30 minutos após o consumo da ração, penetrando então no intestino delgado, onde a maior parte é absorvida pelo animal.
Controle – Elizabeth Santin chama a atenção para a necessidade de controle dos pontos-chave de focos de crescimento fúngico, por meio do controle de insetos, umidade de grãos e rações. Elizabeth recomenda o uso de antifúngicos e a limpeza periódica de silos e equipamentos. “O importante é ter estratégia de controle para diminuir o aparecimento de micotoxinas, problema bem mais difícil de resolver do que o crescimento fúngico”, assinalou a especialista da FCAV/UNESP. Ela explica que para controlar as micotoxinas, além de métodos químicos e biológicos, há o método físico, mais eficiente, que engloba o uso de adsorvente.
Para Devegowda, o mercado é promissor para os materiais orgânicos que possibilitam produção mais sadia e livre de resíduos, já que não há química envolvida. “O Brasil, como importante exportador de carne de frangos para o exigente mercado europeu, precisa pensar na produção sadia dos animais, com a utilização de soluções naturais para o combate das micotoxinas. Além de tudo, a União Européia não utiliza adsorventes químicos ou inorgânicos, não permitindo a entrada de carne de frangos tratados com esses produtos.
Troca de informações – Jânio Santúrio, a maior autoridade do País em micotoxinas, reforça a opinião de Devegowda e aponta a troca de informações como a medida mais eficaz para avançar no controle de males que impedem o aumento da produtividade da cadeia das proteínas animais, como a avicultura. “É preciso evoluir sempre. Os profissionais da indústria de produtos de origem animal devem estar atentos aos avanços no combate desses males, como o uso de adsorventes orgânicos”, explica Santúrio.
A afirmação de Jânio Santúrio é comprovada pela nutricionista Alba Fireman, da Avipal – uma das principais indústrias de alimentos do Brasil, atuando nos segmentos de proteína animal (aves, suínos e lácteos) e vegetal (grãos). Presente ao encontro, Alba explica que “as informações sobre as pesquisas realizadas pelo professor Devegowda serão de grande valia, principalmente no que se refere ao uso de glucomananos, pois são encontradas em poucas pesquisas nacionais”.