Da Redação 06/03/2002 – Os números são impressionantes e comprovados pela própria FAO, entidade de alimentação e agricultura ligada às Nações Unidas: nada menos do que 25% dos grãos no mundo estão contaminados com micotoxinas. Apenas para exemplificar: seguindo a estatística da FAO, 25 milhões de toneladas de grãos, da produção brasileira em 2001, estariam contaminados por esses agentes nocivos.
O problema é gravíssimo e requer uma atenção constante de todos os profissionais envolvidos na cadeia da alimentação e produção animal. O debate e a troca de informações com especialistas são fundamentais para entender a ação prejudicial das micotoxinas e evitar sua presença na ração de aves, bovinos, suínos, eqüinos e pequenos animais.
Para entender as micotoxinas – As micotoxinas são compostos altamente tóxicos aos animais e aos homens, produzidos por fungos e parasitas. Rações e grãos contaminados com apenas 0,5 ppm (partes por milhão) provocam os seguintes danos aos animais: retardo de crescimento, deficiência na reprodução, degeneração dos tecidos (necrose), imunossupressão, carcinogênese e mutagênese. As micotoxinas também podem ser transmitidas em outras etapas da cadeia alimentar, contaminando carne, leite e ovos, o que se constitui em grande preocupação na produção de alimentos para o mercado interno e externo.
De acordo com professor Jânio Santúrio, médico veterinário (UFSM/RS), mestre em micologia e micotoxinas (UFRRJ/RJ) e coordenador do Laboratório de Pesquisas Micológicas (Lapemi) da Universidade Federal de Santa Maria (RS), os efeitos da contaminação dependem do tipo de micotoxina e da sensibilidade de cada animal. No caso das aves e dos suínos, o impacto está relacionado às condições de criação e a fatores ambientais, como umidade do substrato e temperatura ambiente. “Por esse motivo, programas para monitoramento e controle são fundamentais em um sistema de produção e estão centrados no planejamento de amostragens periódicas e uso, quando necessário, de produtos adsorventes”, explica o professor Santúrio.