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Universidade Uniquímica: antimicrobianos na suinocultura

<p>Confira artigo técnico feito por Nelson Higashi.</p>

Redação SI (03/08/06)- Com o desenvolvimento da suinocultura moderna, o manejo, as instalações a nutrição e o próprio método de criação se modificaram. Com isso, perdeu-se o equilíbrio que existia entre os animais e os microrganismos.
     
Na tentativa de amenizar essa situação, o uso de antimicrobianos tornou-se uma constante na suinocultura.

No caso do tratamento e/ou prevenção de doenças, o ideal seria que se soubesse o agente etiológico e a sua sensibilidade aos antimicrobianos. Mas normalmente nos casos clínicos não temos essa facilidade. É muito frequente ter de tomar uma decisão baseado na anamnese, nos dados clínicos e patológicos gerais e no conhecimento das informações epidemiológicas.

Mesmo nos casos que se tenha de fazer o tratamento sem conhecer o agente etiológico, o ideal seria de se fazer exames laboratoriais para posteriormente redirecionar o tratamento ou num caso parecido futuramente já se ter o tratamento mais adequado para o problema em questão.
     
Os microrganismos têm a capacidade de criar resistência aos antimicrobianos. Deve-se ter bastante cautela quanto ao cálculo da dosagem e do tempo de tratamento. Entretanto, não podemos esquecer que cerca de 95 % das resistências bacterianas está diretamente relacionado com o uso indiscriminado de antibióticos pelo homem.

A resistência depende da característica estrutural e/ou do metabolismo da bactéria. Pode ser por mutação (resistência cromossômica) ou extra cromossomal (transmitida por plasmídeos).
     
O resultado positivo do tratamento antimicrobiano vai depender da manutenção na concentração mínima necessária no local da infecção. Que resulte na morte (bactericida) ou no controle do seu crescimento (bacteriostático) dos microrganismos infecciosos. E de preferência que o produto utilizado tenha o mínimo de efeito nocivo ao animal.

Vale lembrar, que em muitos casos, a classificação desses dois grupos depende da forma de uso clínico do produto. Um exemplo é o caso da sulfa com o trimetoprim, que quando usado isoladamente tem atividade bacteriostática, enquanto o seu uso em associação torna-se bactericida.
     
No caso do uso de bacteriostáticos, tomar o cuidado para não aplicar em animais imunodeprimidos. Uma vez que o mesmo não elimina o microrganismo, apenas interrompe o seu crescimento e sua multiplicação. Portanto o animal tem que “desenvolver” a cura. 

Um exemplo é o caso da doença de Aujeszky em suínos, que pode acarretar o aparecimento de quadros subclínicos de infecções por Salmonella cholerasuis  ou do Actinobacillus pleuropneumoniae. Nesta circunstância a recomendação seria o uso de um produto bactericida.

Deve-se sempre lembrar que quando for usar mais de um antimicrobiano ao mesmo tempo, não usar um bactericida com outro bacteriostático. Pois nesta forma de uso há o antagonismo entre os mesmos. Outros exemplos são como a tetraciclina, que não deve ser usada com a penicilina e o florfenicol ou cloranfenicol que não podem ser associados com nenhum outro antimicrobiano. Um exemplo de sinergismo é o uso das tetraciclinas com os macrolídeos. E os aminoglicosídeos com as penicilinas.

Existem várias vias de administração. Mas na suinocultura, principalmente para o tratamento de lotes, a via oral é a mais recomendada. Seja pela água ou através da ração.
     
 O uso de medicamentos via água seria o de eleição, pois os animais quando doentes, normalmente param de se alimentar, mas não deixam de beber água. Seja em função da febre ou da desidratação de uma diarréia.

A desvantagem deste sistema que a confiabilidade da absorção do medicamento pode variar com o volume do alimento, com a ausência ou presença de estase ou hipermotilidade do estômago ou do intestino e ainda com a natureza da ingesta que pode ligar-se à droga ingerida via oral.
     
As polimixinas e aminoglicosídeos não são absorvidas no trato digestório. Enquanto a benzilpenicilina é largamente destruída no estômago.    

Uma das maneiras de se calcular a concentração do antimicrobiano na água pode ser feita da seguinte maneira: Dose total diária da droga  = Peso total do lote de suínos (Kg) x Dose diária da droga em mg/Kg.
    
Esta dosagem deve ser colocada na quantidade de água consumida durante o dia. O consumo diário de água  pelos animais não é constante. Depende de fatores como a temperatura e o estado de doença dos mesmos (diarréia, por exemplo, consome mais água).

Um cálculo prático deste consumo, seria de 10 % do peso vivo,  para animais pós-desmame até o abate.E em condições que seja esperado maior consumo (diarréia, calor intenso, etc), algo em torno de 15 %.
Entre os Estados Unidos e a Europa, há uma controvérsia muito grande quanto ao uso de promotores de crescimento. No primeiro, orienta-se a  continuidade do seu uso. Enquanto na segunda, a sua retirada por completo.

Sabe-se que em alguns países da Europa, onde fizeram a retirada dos promotores de crescimento teve um aumento significativo do uso de medicamentos curativos, Daí fica uma grande dúvida: Até que ponto vale a pena retirar os medicamentos como promotores, se depois ter de usá-los posteriormente como curativo?               

Provavelmente aí é que vão entrar os probióticos, principalmente os que podem ser administrados via água, logo nas primeiras horas de vida do animal, promovendo uma colonização imediata da microflora intestinal por estas bactérias benéficas. 

No Brasil, o Ministério da Agricultura, no ano de 1998, portaria no. 448, suspendeu o uso do cloranfenicol, furazolidona e da nitrofurazona.       E em 2004, a Instrução Normativa no. 7,  de 24/11, o Ministério proibiu o uso de olaquindox. Através do Ofício Circular 05/2006 o DFIP/DAS/MAPA listou os Promotores de crescimento e Agonista para uso na alimentação animal.