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Consumo de Ovos: algumas evidências

Leia artigo de Fabiane Michelon, Nutricionista, cedida pela Uniquímica.

Redação (27/01/2009)- Se alguém lhe dissesse que o ovo, ao contrário do que sempre ouviu falar, protege o organismo contra doenças cardiovasculares e neurológicas, transtornos psiquiátricos, envelhecimento precoce e degeneração macular (a maior causa de cegueira em idosos) o que você pensaria?

E se também lhe dissessem que o ovo apesar de não possuir muitas calorias é fonte importante de proteínas de alto valor biológico (considerado pela nutrição como proteína padrão, pois além de conter todos os aminoácidos essenciais, estes estão maravilhosamente distribuídos e equilibrados nessa verdadeira fábrica de vida), fonte de colesterol (sim colesterol!) fundamental para que o corpo realize seus reparos diariamente, renove as células, produza hormônios importantes como os sexuais e sirva de ingrediente especial na produção de serotonina (aquela substância tão falada que proporciona bem estar, relaxamento e acalma os nervos), você pensaria que é alguma brincadeira?
O tão temido colesterol na verdade é algo tão fundamental, que o organismo se previne de possíveis descuidos humanos com a alimentação, produzindo nada mais que 80% desse nutriente no fígado e deixando sob nossa responsabilidade o consumo dietético de apenas 20%. O colesterol possui a grande responsabilidade de participar da estrutura de todas as células do corpo. Em decorrência disso, sempre que houver uma lesão em qualquer estrutura celular, lá é convocado o colesterol para "reparar" o local. Infelizmente, é nesse momento que ele  pode ser atacado por radicais livres e células de defesa próprias do organismo e sofrer a famosa oxidação. Com isso, muda sua estrutura e acaba ficando aderido, depositado no local, como por exemplo na parede das artérias, dando início a indesejável aterosclerose.

É importante comentar também que o organismo destina 80% do colesterol para produção da bile, líquido armazenado na vesícula biliar fundamental para fase final da digestão dos alimentos no intestino delgado e permitindo assim a correta assimilação dos nutrientes. Aqui se sustenta a tese de que casos de colesterol sanguíneo elevado não seriam encontrados em indivíduos com o sistema digestório, mais especificamente intestino grosso ou cólon que estivesse em pleno e correto funcionamento, pois 15% em média do colesterol dietético (ingerido pela dieta) é eliminado pelas fezes. Por outro lado, havendo aumento na oferta dietética desse nutriente, o fígado trataria de fazer a compensação através de um mecanismo conhecido como feedback, impedindo a absorção do excesso ou reduzindo a produção endógena e equilibrando assim as quantidades de colesterol sanguíneo.

Em se tratando de consumo dietético de colesterol, pesquisas afirmam que apenas 10% da população têm significativas elevações na colesterolemia, pois são geneticamente sensíveis ao aumento do colesterol por não possuírem as condições necessárias para metabolizá – lo. Cientistas interessados no consumo de ovos x doenças cardiovasculares demonstram que, a cada 100mg de colesterol ingerido, ocorre um aumento de 0,7 a 3,4 mg/dl de colesterol plasmático, valores que englobam colesterol total, colesterol – HDL (não aterôgenico) e também colesterol – LDL (aterogênico) e que indivíduos fora do grupo citado acima, consumindo uma unidade de ovo / dia (213mg de colesterol) teriam  um acréscimo  de 1,4 a 6,8mg na sua colesterolemia!

Outro estudo realizado entre 1980 e 1994 com 37.851 homens com 40 a 75 anos e 80.082 mulheres com 34 a 59 anos concluiu que não houve associação significativa entre o consumo de mais de um ovo por dia e acidente vascular cerebral, doença arterial coronariana fatal ou infarto agudo do miocárdio não fatal e que em indivíduos diabéticos, o consumo de mais de um ovo por dia elevou os riscos de doença arterial coronariana comparado aos que comiam menos de um ovo por semana levando a crer que este grupo deve restringir o consumo de ovos para três unidades por semana, pois possuem associações de várias complicações orgânicas inerentes ao diabetes. Mesmo assim esta recomendação está bem aquém do consumo de ovos observados pela maioria dos diabéticos. Pesquisas estão chegando a conclusão que a terapia nutricional nas cardiopatias deverá ser focada mais na prevenção da oxidação dos lipídios com o consumo de antioxidantes ao invés de concentrar – se na remoção de colesterol da dieta.
O ovo sabe – se de longa data ser uma maravilhosa fonte de oxidantes sustentada pelo aporte harmonioso entre seus nutrientes.

A lista é grande, mas citando alguns de peso, encontramos vitamina E (considerada um dos mais potentes antioxidantes), vitamina B2 e selênio ingredientes indispensável na formação de enzimas antioxidantes como glutationa redutase e glutationa peroxidase, assim com zinco, componente de outro antioxidante poderoso, o superóxido dismutase. Fonte de vitamina B12 e ácido fólico, fundamentais no processo de eliminação de uma substância conhecida como homocisteína que quando acumulada no organismo é risco para doenças cardíacas independente de colesterol ou triglicerídios sanguíneos elevados. Vitamina A e vitamina D que além das já conhecidas funções na saúde dos olhos, pele, cabelos, imunidade e ossos, hoje é atribuído à elas proteção cardíaca e contra câncer. Outros dois antioxidantes que atualmente são alvos de muitos estudos são a luteína e zeaxantína. Da família dos carotenóides, além de conferirem coloração amarela à gema, oferecem proteção contra degeneração macular (região macular da retina é amarela pela presença de luteína e zeaxantína) sendo o ovo a fonte com maior biodisponibilidade desses nutrientes. Significa dizer que até existem alimentos com maior quantidade destes dois carotenóides, mas é no ovo que são melhor absorvidos e aproveitados pelo organismo.

Porém independente da forma de utilização procure utilizar gordura de boa qualidade evitando margarina e óleos refinados e acrescentar temperos como orégano, sálvia, manjericão, alecrim, cúrcuma e canela pó pois são antioxidantes.
Apesar de ainda existirem controvérsia quanto à quantidade recomendada de consumo diário, vale o bom senso e peculiaridade de cada caso, mas para indivíduos saudáveis indica – se com segurança o consumo de um ovo por dia e a refeição também é relativa: o ovo possui ótima digestibilidade porém dependendo da forma de preparo e os acompanhamentos desaconselha – se o consumo à noite pois o organismo naturalmente está com sua capacidade digestiva e metabólica reduzida pois se prepara para dormir.

Fabiane Michelon – Nutricionista
Especialista em Nutrição Clínica Funcional
Especial para a Uniquímica