É necessário estar atento a alguns detalhes que podem influenciar no produto final, ou melhor, no prato final. O consumo de ovos vem sido bastante discutido em função dos riscos que proporciona quando não preparados corretamente. Algumas novas medidas tentam minimizar esta fama do vilão.
Quando se trata de alimentação saudável, todo cuidado é pouco. Escolher, lavar, armazenar e preparar a comida são etapas que merecem muita atenção quando o alimento em questão é o ovo. Por falta de informação ou até mesmo de cuidados, muitas pessoas ficam intoxicadas depois de consumir preparações recheadas de microorganismos.
A salmonella é uma das bactérias mais conhecidas, e associada a ela está o ovo, a mais incidente via de transmissão responsável por muitos surtos de DTAs, doenças transmitidas por alimentos ,em todo o mundo. Na tentativa de minimizar este problema que estima-se acarretar aos EUA um gasto que varia entre 5 a 6 bilhões de dólares ao ano em despesas diretas e indiretas com as vítimas, segundo uma pesquisa realizada em 2004 pelo Sistema de Informações Hospitalares, são adotadas medidas pelas autoridades sanitárias para atuar em vertentes diferentes e tentar diminuir esta incidência.
No Brasil, a nova norma da Agencia Nacional de Vigilância Sanitária, Anvisa,exige que as embalagens de ovos comercializados tenham advertências impressas,de modo a alertar sobre os riscos através das dicas de preparo,consumo e armazenamento do alimento. Frases como “O consumo deste alimento cru ou mal cozido pode causar danos à saúde” e “Manter os ovos preferencialmente refrigerados” serão a nova estampa dos rótulos. A decisão que foi baseada no estudo feito pelo Ministério da Saúde, que aponta o ovo como o mais incidente e responsável por 22,6% dos 5.699 casos de DTAs,se considerar o principal agente causador da salmonelose.
Assim como no Brasil, nos EUA a salmonella é uma das causas predominantes de surtos de doenças de origem bacteriana totalizando 9,7% das doenças e 30,6% das mortes segundo a pesquisa realizada pela veterinária Paula Toleto em seu trabalho de pós graduação realizado na Universidade de São Paulo em 2003.
A falta de informação sobre esta via de transmissão que é o ovo cru ou mal cozido, acarreta conseqüências como o descaso tanto no cuidado de preparar o alimento assim como algumas atitudes radicais na tentativa de se manter longe do problema como diminuir o consumo do alimento. O Reino Unido e a Grã- Bretanha são citados por alguns autores como países que sentem o reflexo da queda na produção de ovos de até 60% ,como é o caso do último país citado, devido a falta de demanda do alimento em função da salmonelose . O ovo que foi considerado causa de aproximadamente 82% dos surtos, como via de transmissão da salmonella vem sido menos consumido. Em nota publicada pela Anvisa a diretora Maria Cecília Brito explicou ” O ovo é um alimento muito importante do ponto de vista nutricional, não é preciso diminuir o consumo do alimento, apenas alguns cuidados devem ser tomados.”[14]
Descuidos preocupantes
Segundo estudo coordenado por William Waissmann pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública, Ensp, da Fundação Oswaldo Cruz, Fiocruz, em 2009, foi constatado que 82% das pessoas não conferem informações simples como composição, data de validade e origem dos alimentos. Dos entrevistados um terço não conferiam as condições dos ovos antes de prepara-los. Segundo uma pesquisa realizada nos EUA com 1620 pessoas, 53% assumiram que consomem frequentemente alimentos feitos com ovos crus, incluindo maionese caseira. Os dados revelam que a carência de informações relacionadas a higiene e segurança alimentar são um agravante para que ao população esteja mais vulnerável as DTAs.