O mercado de ovos na Rússia está passando por uma fase de incerteza, com os varejistas relutando em firmar contratos de longo prazo com os fornecedores. O risco de aumentos de preços e interrupções no fornecimento, semelhante à crise de 2023, preocupa o setor. Em resposta, produtores de aves russos pedem a intervenção do regulador antimonopólio.
A União Russa de Produtores de Aves (Rosptitsesoyuz) solicitou ao Serviço Federal Antimonopólio que limite em 10% a margem de lucro sobre os ovos no varejo. O objetivo é forçar as redes de varejo a firmarem contratos de longo prazo com os fornecedores, proporcionando maior estabilidade ao setor.
Impacto da crise de 2023 e alta nos preços
A crise de 2023 causou um aumento de 61,4% no preço dos ovos, muito acima do aumento médio de 1,5% dos alimentos no país. Embora os preços tenham se estabilizado no início de 2024, eles voltaram a subir, e a Rosptitsesoyuz responsabiliza os varejistas por esse cenário. Entre janeiro e julho de 2024, a margem de lucro média dos varejistas foi de 20%, chegando a 25,9% em julho, com picos de até 35% em alguns casos.
Incerteza nos contratos e falta de confiança no mercado
Galina Bobyleva, diretora da Rosptitsesoyuz, afirmou que os contratos de curto prazo entre varejistas e fornecedores estão criando incertezas para as granjas, além de permitirem margens de lucro mais altas. Apenas 30% das maiores granjas de ovos, responsáveis por 90% das entregas, possuem contratos de longo prazo. O restante depende de acordos de curto prazo, firmados geralmente por uma ou duas semanas, com preços até 15% menores.
Desafios para contratos de longo prazo
Os varejistas se mostram cautelosos em firmar contratos de longo prazo devido à incerteza sobre a estabilidade dos preços de produção. Dmitry Vostrikov, diretor do sindicato russo de fabricantes de alimentos, destacou que a principal dificuldade reside na negociação de ajustes de preços em contratos prolongados.
Igor Karavaev, presidente da Associação Russa de Empresas de Varejo, lembrou que, durante a crise de 2023, os fornecedores reduziram em até 30% as entregas sob contratos de longo prazo, o que levou os varejistas a buscarem novas quantidades através de leilões.
O setor segue atento aos desdobramentos, buscando soluções para estabilizar o mercado e garantir a previsibilidade no fornecimento de ovos.
Referência: Poultry World