Quando o assunto é frango, imediatamente vem à mente a supremacia consolidada do mercado brasileiro, uma vez que ocupamos uma posição de destaque no ranking global de produção e detemos a liderança das exportações mundiais. Sem dúvida alguma que isso é fruto de um trabalho em conjunto entre os órgãos governamentais, entidades de classe, empresas e também os produtores.
No entanto, esta superioridade não ocorre na mesma proporção com o segmento de ovos. Atualmente, o Brasil ocupa a sexta posição no ranking dos maiores produtores e a quantidade de países que compram o ovo brasileiro ainda é tímida. O mesmo ocorre com o consumo per capta do produto, que no Brasil está muito aquém de países que lideram o topo do consumo.
Para 2009, a previsão é que a produção nacional de ovos feche com um déficit de apenas 1,22%, ou seja, ficando praticamente estável em relação ao número registrado em 2008. Diante do cenário de crise que enfrentamos, este resultado não chega a ser negativo. Em contrapartida, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do MDIC, no acumulado de 2009 o volume exportado de ovos teve um aumento de 2,4% em relação ao ano anterior.
Diante desses fatos e números, resta-nos apenas uma conclusão: há muito espaço, oportunidade e condições para fortalecer o segmento brasileiro de postura. E o mais importante é que muitos dos fatores que impactarão positivamente no mercado de frango também podem ser aproveitados pelo setor de ovos.
Questões como clima estável, mão de obra barata, bom espaço territorial e grande disponibilidade de insumos de qualidade e a preços baixos são elementos preponderantes para alavancar este setor. Sem contar os quesitos econômicos, como o aumento do salário mínimo e demais programas de aumento de renda das classes menos favorecidas.
Ou seja, temos numa mão um alimento barato e extremamente nutritivo e, na outra, todos os fatores necessários para expandirmos o mercado nacional de postura. Basta os setores públicos e privados estarem atentos às oportunidades e aos potenciais deste setor. Ações para fomentar este segmento devem ser promovidas com mais intensidade. São diversas frentes de trabalho, que vão desde o incentivo e a capitalização do produtor até a abertura de novos mercados.
No entanto, fica aqui um velho apelo. De nada adianta as empresas e entidades de classe estarem dispostas a fortalecer este mercado se o Governo não conceder a sua devida parcela de contribuição. Facilidade no acesso à créditos e financiamentos e promoção do ovo brasileiro no mercado externo são iniciativas muito necessárias e bem-vindas.
Basta repetir os passos percorridos pelas carnes de frango e bovina. No fim das contas, será mais um setor proporcionando grandes receitas para o País.
Ariel Mendes, presidente da UBA