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Entrevista

Os novos rumos da produção em Bastos

O consultor avícola Sergio Kenji Kakimoto aponta as atuais características da produção de ovos no Japão, indicando tendências e apontando os novos rumos da avicultura de postura em Bastos e no Brasil

Os novos rumos da produção em Bastos

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O Japão é um dos principais mercados mundiais em consumo de ovos. Cada habitante consome por ano 350 unidades do produto. O ovo se tornou altamente valorizado no país logo após a Primeira Guerra Mundial, quando se transformou em uma proteína essencial para alimentar sua população. Estudantes e técnicos japoneses foram enviados aos Estados Unidos na época para conhecerem os métodos modernos de produção. Trouxeram para o Japão o modelo californiano, que anos depois seria implantando pelos imigrantes japoneses na região de Bastos (SP), hoje o principal polo produtor de ovos do Brasil.

O sistema californiano vive atualmente seus últimos momentos. O setor produtivo de ovos atravessa um momento de transição, com investimentos em sistemas automatizados e galpões cada vez maiores. “Produzir ovos será de uma forma totalmente automatizada. A criação será feita em gaiolas mesmo, mas com coleta automática. Coleta de ovos, arraçoamento, distribuição de água; tudo será automático. A tendência será essa mesmo. Concentrar o número de aves em blocos de um milhão, 500 mil; e usar o mínimo de mão-de-obra”, ressalta o avicultor e consultor avícola Sergio Kenji Kakimoto.

Produtor de ovos na região de Bastos, Kakimoto esteve no Japão ano passado para participar de um evento do setor. Durante a viagem, teve a oportunidade de visitar granjas na região de Aichi, no Norte do país, onde se concentra a maior produção de ovos de galinha e codornas do Japão. Nesta entrevista, ele fala sobre as atuais características da produção japonesa, assim como do mercado consumidor. Aponta ainda tendências e discute os rumos da avicultura de postura em Bastos e no Brasil. Confira.

 Avicultura Industrial – Em viagem ao Japão, o senhor teve a oportunidade de visitar algumas granjas de ovos comerciais. O que pôde observar nestas visitas?

Sergio Kenji Kakimoto – Os japoneses se preocupam muito com a questão do meio ambiente e do bem-estar das aves, apesar de eles criarem em formato de bateria ou piramidal. A forma utilizada para resfriar o galpão é um pouco diferente da nossa. Aqui usamos cooling, pad cooling, ventiladores; utilizamos galpões de pressão negativa. Lá eles têm outro sistema no qual injetam ar. Mas, não é uma injeção de ar jogando direto no galpão. Eles colocam dentro de um tubo que percorre as gaiolas. É um sistema diferente de resfriar as aves. Quer dizer, resfriar não, mas melhorar as condições ambientais das aves. O que eu pude perceber é isso; eles se preocupam bastante com a produção, qualidade, meio ambiente e sanidade.

AI – Os galpões são totalmente fechados, com sistemas automatizados?

Kakimoto – Eles têm dois tipos de galpões hoje. Trabalham com um modelo totalmente fechado com controle de temperatura, iguais aos nossos aqui do Brasil. Quando falo igual, me refiro aos que estão sendo preconizados agora, com pad cooling e pressão negativa. Observei que trabalham também com galpões semiabertos, com ventilação por dentro da gaiola. É um tubo que passa pelo interior da gaiola e faz a ventilação com o intuito de também secar o esterco, que é coletado a cada dois dias. Só que esse esterco é bem mais seco se comparado ao que tenho visto aqui. Então a qualidade das excretas de lá são bem melhores que as nossas. Eles coletam a cada dois dias e depois já a colocam dentro de um equipamento que promove uma fermentação aeróbica. Desse esterco praticamente não escapa nada, todos os gases são captados e diluídos em água. O ar sai limpo. A amônia fica retida na água e o cheiro também. Este esterco é fermentado dentro de uma espécie de copo gigante e, depois de quatro ou cinco dias, vira um pó que é embalado e vendido em sacos plásticos. Quando se chega numa granja por lá não se vê nenhuma mosca e nem se sente aquele odor característico.

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