Da Redação 07/07/2004 – 06h17 – As exportações brasileiras de ovos de galinha voltados para incubação cresceram 85% nos cinco primeiros meses deste ano. O Brasil faturou US$ 1,6 milhão no período com a venda do produto no mercado internacional, contra US$ 904 mil nos mesmos meses do ano passado. Os ovos são enviados ao Exterior fertilizados e no país de destino colocados em incubação até nascerem os pintos.
A Arábia Saudita foi o maior comprador do produto brasileiro entre janeiro e maio deste ano, com 23% do total. As importações do país árabe quadruplicaram em relação ao mesmo período do ano passado e chegaram a US$ 387 mil.
“O Brasil entrou na brecha deixada pela Holanda, que era uma grande fornecedora do Oriente Médio”, diz o secretário-executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Pinto de Corte (Apinco), José Carlos Godoy.
A Holanda teve suas exportações interrompidas entre o final do ano passado e início deste ano em função da gripe aviária. A saída de países como a Holanda do mercado mundial de ovos de galinha férteis, aliás, impulsionou também uma alta nas cotações. Entre janeiro e maio do ano passado, por exemplo, o preço médio da dúzia exportada pelo Brasil era de US$ 0,27. Neste ano, o produto foi vendido por US$ 0,42 a dúzia.
Grande parte dos ovos férteis comercializados pelo Brasil no exterior é de frangos de abate. Ou seja, dão origem a pintos que mais tarde servirão para corte. A Holanda, além de fornecer este tipo de produto, vende ainda os ovos dos quais nascem matrizes, galinhas de alto valor genético, voltadas à reprodução. A quantidade de ovos férteis exportados pelo Brasil ainda é pequena, mas a tendência é que cresça.
“O Brasil está trabalhando para ter uma participação mais efetiva no mercado mundial de ovos férteis para pinto de corte”, diz o diretor do setor de matrizes reprodutivas da União Brasileira de Avicultura (UBA), João Aidar Filho.
Seis empresas brasileiras do Sudeste e do Sul do Brasil, que já exportam individualmente, devem formar, em dois meses, uma companhia voltada para a exportação de ovos férteis de pintos de corte. A nova trading, formada com o auxílio da Apinco, se chamará Brazil Hatching Eggs (BRHE). De acordo com Godoy, a meta é exportar inicialmente um milhão de ovos por semana.
Se o objetivo se concretizar, deve ocorrer um aumento representativo nas exportações brasileiras. Nos primeiros cinco meses deste ano, o país vendeu 3,9 milhões de ovos de galinha para incubação, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior. No ano passado inteiro foram 13,6 milhões de unidades. Os empresários e lideranças do setor acreditam que há espaço para crescer.
Apesar de exportar ovos férteis, o Brasil também importa o produto. As compras, porém, são de ovos que dão origem a galinhas matrizes, as chamadas avós e bisavós, mais caras. O pesquisador da unidade Aves da Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa), Valdir Silveira de Ávila, afirma que quase 100% das linhagens de galinhas do Brasil vêm de fora do país. Os maiores fornecedores brasileiros da área são os Estados Unidos. O Brasil pagou cerca de US$ 12 a dúzia destes ovos entre janeiro e maio deste ano e gastou um total de US$ 4,4 milhões com as compras.