A possibilidade de encontrar pesticidas em ovos de galinha fez com que uma equipe de estudiosos da Universidade Federal de Sergipe (UFS) estudasse o tema. O grupo de pesquisa, que teve a frente o mestre do Departamento de Química, Michel Rubens, desenvolveu um experimento de análise de pesticidas em ovos de galinha comercializados na grande Aracaju.
O trabalho foi desenvolvido durante os anos de 2010 a 2012. Além de levantamento bibliográfico, o grupo realizou visitas a quatro granjas situados nos municípios de Estância, Indiaroba, Poço Verde e São Cristóvão e colheu amostras dos ovos de galinha comprados no Mercado Municipal de Aracaju e supermercados. Foram escolhidos nove princípios ativos apara análise, sendo eles: Atrazina, permetrina, etiona, lindano, alacloro, pirrimicabe, cipermetrina, deltametrina e bifetrina.
De acordo com o mestre em Química pela UFS, Michel Rubens dos Reis Souza, se usado erroneamente, esses pesticidas podem chegar à mesa do consumidor. “A gente tentou observar algo ligado à comunidade e pensou em trabalhar o ovo de galinha que é algo muito consumido. Esses pesticidas são contra insetos e pragas e usados nas granjas e roças de milho, outros até pulverizam nas aves. Como o pesticida é orgânico, e se for aplicado desordenadamente, ele pode acumular no organismo do animal e pelo processo fisiológico ir para o ovo de galinha e chegar ao consumidor final”, afirma.
Para Michel Rubens, o procedimento utilizado foi de baixo custo. “A gente desenvolveu um método simples. Fazíamos o processamento de ovo de galinha, onde cada amostra tinha seis ovos, depois colocava para fazer a liofilização [secagem da amostra], vinha para o laboratório e depois analisava no equipamento [cromatógrafo]”, afirma.
Máquina de cromatógrafo usada na análise do estudo
Pela análise realizada, foi detectada a presença do pesticida de princípio ativo bifentrina em uma das amostras, no entanto, não apresenta riscos a saúde do consumidor.
Michel Rubens diz que a conclusão foi satisfatória para a população. “A legislação brasileira não tem um limite máximo de resíduo que pode ser encontrado desses pesticidas que eu trabalhei no ovo de galinha. Isso também era um objetivo da gente, mostrar que como não tem, seria bom o governo entrar com linha para saber quanto a pessoa pode consumir”, conta.
Também participaram do estudo: Cybelle Oliveira Moreira, aluna de Graduação em Engenharia Química, Tamires Gleice de Lima, mestre em química e Adriano Aquino, Mestre em Química pela UFS e Doutorando pela Unicamp. O trabalho foi orientado pelo professor Doutor Haroldo Silveira Dórea.