Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Preço do ovo sobe, mas crise persiste

Produtores paranaenses estão investindo dinheiro de outras atividades como gado, leite, cana-de-açúcar e bicho-da-seda para manter a produção de ovos.

Redação AI 15/10/2002 – Desde ontem, os granjeiros tiveram uma pequena recuperação com aumento do preço final da caixa com trinta dúzias de ovos. Até a última sexta-feira, eles acumulavam prejuízos de R$ 7,00 por caixa, devido ao aumento da ração e dos insumos, cotados em dólar. Outro problema é que o preço do ovo não tem aumento nos últimos oito anos e sempre foi calculado em Real. Essa situação forçou muitos criadores da região a fecharem os barracões ou diminuírem o número de aves em até 30%.

Segundo Rui Harada, presidente da Associação Paranaense de Avicultores (Apavi) e granjeiro há 25 anos no município de Cruzeiro do Sul, há mais de um ano a situação dos criadores vem se agravando e nos últimos três meses as constantes altas do dólar pioraram tudo. Ele lembra que há oito anos o saco de 60 quilos de milho custavam R$ 5,00 e a tonelada do farelo de soja R$ 160,00. Hoje, o farelo foi para R$ 710 e o milho saltou para 21,00.

Já o preço da caixa com trinta dúzias não passou dos R$ 30,00 nos últimos oito anos e até sexta-feira era comercia-lizado por R$ 25,50. Harada explica que o custo de produção subiu muito e hoje gira em torno de R$ 32,00. Estávamos perdendo R$ 7,00 por cada caixa vendida. A ração é basicamente de farelo e milho e na minha granja são gastas certa de 12 toneladas por dia. Nesse ritmo, o criador acaba com o patrimônio para se manter na atividade, comenta.

Para ele, a única saída seria o governo conceder algum tipo de subsidio ou o mercado pagar mais pelo preço. Ontem, houve um pequeno aumento e a caixa passou a ser comercializada por R$ 29,50 e os prejuízos dos granjeiros caiu para R$ 3,00. Na visão do criador, é necessário mais um reajuste, porque o dólar continua em alta.

Fechamento

De acordo com Harada, Cruzeiro do Sul era o 2 pólo produtor do Estado, contudo, no último fecharam onze granjas na cidade e o restante diminui o número de aves. O granjeiro explica que para se manter na atividade está colocando a renda que consegue com gado, leite, arrendamento para cana-de-açúcar e bicho-da-seda.

Essa é a situação da maioria dos granjeiros. Quem não está vendendo seus bens, está fazendo financiamento, destaca. Porém, ele explica que os criadores não querem parar porque o investimento é grande na hora de vender a propriedade não é valorizada.

Para construir um barracão de grande porte, o granjeiro gasta cerca de R$ 30 mil. No entanto, os equipamentos usados não valem mais de R$ 2 mil e só servem para ferro velho. Mesmo assim, muitos optaram pelo encerramento da atividade.

Outro problema apontado por Harada é o desemprego causado pelo fechamento das granjas. Só as duas maiores de Cruzeiro do Sul, que encerraram suas atividades há poucos meses, dispensaram cerca de 150 pessoas. Além disso, quem continua é obrigado a automatizar a granja e diminuir o número de empregados para sem manter competitivo.

União

Na opinião do criador de Nova Esperança, Carlos Yuji Takakura, os produtores também poderiam se unir para tentar melhorar o preço final. Ele explica que os produtores não querem grandes lucros, mas sim, trabalhar sem prejuízo todos os dias.

Outra forma de amenizar o problema seria a criação de uma fábrica de ovo pasteurizado na cidade. Isso agregaria valor ao produto e melhoria a situação de todos. Contudo, o projeto está parado e deverá ser retomado só no próximo ano. Tive de diminuir o número de aves em 30% e ainda vender várias cabeças de gado nos últimos seis meses para ficar na atividade, comenta.

Segundo Takakura, essa diminuição dos plantéis acabará forçando uma melhora no preço, porque dentro de algum tempo o produto ficará escasso. Entretanto, se isto ocorrer não pode haver um crescimento de granjas no futuro.

No início do Plano Real o Paraná tinha 370 granjas e hoje conta com 117. Já o número de aves caiu de 7,5 milhões para 4,9 milhões. O Estado que era o segundo produtor nacional para a 8 colocação e com isso o número de empregos nas propriedades também sofreu uma drástica redução. De acordo com dados do Departamento de Economia Rural (Deral), os pequenos criadores foram os maiores atingidos.