Mais um #TBTAgrimidia direto das páginas da edição n° 880 da revista Avicultura Industrial, de 1983. Em destaque, um tema que ainda desperta atenção no setor: a micoplasmose na avicultura. A matéria aborda como essa doença, causada pelo Mycoplasma gallisepticum, impacta a produção avícola brasileira, especialmente pela contaminação dos ovos e suas consequências na incubação e mortalidade de pintinhos. Mesmo com avanços nas pesquisas para controle e prevenção, o combate à micoplasmose continua sendo um desafio essencial para garantir a sanidade e qualidade na avicultura.
A micoplasmose é uma das principais doenças que afeta as aves, e uma de suas formas mais complicadas de transmissão ocorre através dos ovos. O agente causador da micoplasmose, o Mycoplasma gallisepticum, pode contaminar as aves de diversas maneiras, mas o mecanismo exato de transmissão ainda não está completamente esclarecido. Alguns pesquisadores acreditam que a contaminação ocorre em uma determinada região do oviduto, enquanto outros sugerem que o foco da infecção está no próprio ovário das poedeiras.
Estudos realizados com cepas conhecidas de Mycoplasma indicaram que o agente pode ser re-isolado em aves infectadas entre 4 a 126 dias após a inoculação, o que pode ajudar a entender a variabilidade da contaminação nos diferentes lotes de aves e explicar a irregularidade na transmissão dessa doença.
Uma teoria mais recente aponta que a contaminação poderia ocorrer quando o óvulo, ao ser liberado do ovário, entra em contato acidental com o saco aéreo abdominal infectado. Esse contato poderia facilitar a contaminação do ovo, explicando a transmissão variável de um lote de poedeiras para outro. A micoplasmose também pode ser influenciada pela idade das aves, o que impacta diretamente na taxa de contaminação dos ovos.
Em um plantel infectado, a taxa de ovos contaminados pode variar entre 10% e 20%, dependendo das condições de manejo e da gravidade da infecção. Os ovos contaminados geralmente apresentam baixa fertilidade e condições inadequadas para incubação. A mortalidade de pintinhos pode ser significativa, com taxas de até 17% em casos mais graves, e os embriões podem morrer no estágio inicial de desenvolvimento, com grande parte falecendo entre o 14º e o 21º dia de incubação.
Atualmente, há esforços de pesquisa para desenvolver vacinas contra a micoplasmose, além de métodos mais eficazes de controle da doença. Isso inclui a limpeza rigorosa dos ovos logo após a coleta, imersão em soluções desinfetantes e cuidados específicos no manejo das aves. O controle da micoplasmose continua sendo um desafio importante para a avicultura, exigindo o desenvolvimento de estratégias preventivas e tratamentos adequados para garantir a sanidade do plantel e a qualidade dos produtos gerados.