Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Análise fitossanitária: uma estratégia para a agricultura brasileira

<p>Os avanços do agronegócio brasileiro permitiram que a pesquisa científica promovesse a capacitação profissional, o desenvolvimento de métodos e técnicas biológicas e agronômicas, levando o País a se tornar o "líder da agricultura tropical".</p>

Redação (23/07/2008)- Para proteção desse mercado há necessidade da adoção de medidas para evitar que ameaças e perigos fitossanitários desestabilizem a continuidade de crescimento do nosso País.

Um dos fatores a ser considerado quando se pensa em cultivo para fins comerciais é a origem do material vegetal a ser utilizado pelos produtores, pois esses materiais devem ser originados de plantas matrizes livres de bactérias, fungos, vírus, nematóides, insetos e ácaros. Assim, as matrizes, plantas que irão fornecer mudas, sementes, tubérculos, bulbos ou outros, devem ser sabidamente sadias pois, é de conhecimento geral que a utilização de material propagativo deve ser oriundo de plantas com sanidade comprovada.

Visando verificar se estas plantas matrizes, e/ou de partes delas originadas, apresentam algum tipo de doenças e/ou praga, partes destas plantas são encaminhadas para instituições, credenciadas por órgãos oficiais fiscalizadores ou certificadores.

Deve-se considerar a probabilidade de introdução, dispersão e as conseqüências ambientais, sociais e econômicas, de uma praga quarentenária, sendo que a Análise fitossanitária de todo o material que será introduzido no País é de suma importância e a comunidade científica tem papel decisivo, na forma de subsidiar a justificativa administrativa de implantar medidas fitossanitárias para a praga, por meio de legislação específica.

O termo praga, de acordo com a FAO (2006), refere-se a qualquer espécie, raça ou biótipo de vegetais, animais ou agentes patogênicos, nocivos aos vegetais ou produtos vegetais. Praga quarentenária apresenta expressão econômica potencial para a área posta em perigo e onde ainda não está presente, ou se está não se encontra amplamente distribuída e é oficialmente controlada. Entende-se, também, por pragas quarentenárias, as espécies invasoras exóticas (EIE) ou organismos que são levados de uma região para outra causando impacto socioeconômico e ambiental.

O diagnóstico e a identificação de uma doença/praga permitem aos pesquisadores não só a orientação para a tomada de decisão quanto ao produto e/ou manejo a ser utilizado na cultura como, também, o direcionamento para a interceptação, pelo MAPA, de doenças e pragas quarentenárias e exóticas em materiais importados.

Para atender ao mercado consumidor, tanto em quantidade de alimentos disponíveis quanto em qualidade dos produtos oferecidos, os produtores precisam ser competitivos e tecnificados, além de terem acesso às informações técnicas e científicas que permitam a melhoria de seus produtos.

As exportações brasileiras são limitadas por restrições ao comércio nos mercados internacionais, principalmente nos países da União Européia e nos Estados Unidos, na forma de barreiras tarifárias e não-tarifárias. As barreiras não-tarifárias, por exemplo, restrições de quantidades de produto e as medidas fitossanitárias, prejudicam principalmente os setores nos quais os países em desenvolvimento são competitivos, além de interferir no preço do produto, a produção, o comércio, a renda e emprego.

No mercado de produtos vegetais existe uma grande exigência quanto à qualidade. Esta, por sua vez, está relacionada aos aspectos externos, como ausência de resíduos químicos, de pragas e doenças, e internos, como longevidade, sabor e resistência às condições de estresse durante o trânsito da mercadoria. Estes aspectos da qualidade podem ser profundamente alterados pela incidência de doenças e pragas. Assim, a exigência de qualidade, quanto ao aspecto fitossanitário, cria a necessidade da realização de análises para o diagnóstico e identificação de doenças e pragas, uma vez que a correta identificação da doença/praga constitui a base para uma estratégia bem sucedida no seu controle e impedimento de entrada/circulação no país.

Se uma planta livre de doenças e pragas produz frutos de melhor qualidade que aquelas infectadas, os produtores que são capazes de iniciar sua cultura com material propagativo sadio terão uma vantagem sobre os demais. Além disso, como o comércio internacional faz restrições fitossanitárias específicas para cada espécie de planta comercializada, é de fundamental importância o papel do pesquisador na emissão de laudos e certificados de sanidade.

Os resultados do diagnóstico fitossanitário permitem a adoção de medidas preventivas para evitar a disseminação da doença/praga, assim como o acompanhamento de áreas onde não ocorre a doença.

 O processo de obtenção de laudos ou certificados por partes dos diferentes países exportadores de sementes, mudas, tubérculos, bulbos e outros, também representam um problema para os países importadores, como o Brasil. Muitas vezes, no país exportador, um determinado patógeno pode não induzir sintomas devido às condições climáticas mas, quando são plantadas nas nossas condições, as doenças se manifestam e podem causar, dependendo do patógeno e da planta hospedeira, perde de até 100% na produção. Assim, a introdução de novos patógenos no Brasil ou de patógenos já existentes no país mas que são introduzidos em novas áreas, podem trazer prejuízos, muitas vezes irreversíveis a uma cultura.

O Instituto Biológico (IB-APTA), órgão ligado a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, contribui de modo expressivo para salvaguardar a produção agrícola brasileira, por atuar não só na pesquisa para identificação, ecologia e controle de patógenos e pragas como, também, na realização de análises fitossanitárias em plantas, tubérculos, bulbos e sementes; diagnóstico de Clorose Variegada dos Citros (CVC), declínio dos citros e cancro cítrico; análise molecular para detecção de Sigatoka Negra e Amarela; análises para detecção de bactéria, fungos, vírus, viróides e nematóides; teste sorológico para Xylella em citros e café; análise para detecção de nematóides; avaliação de fungos em solos e substratos; identificação de insetos e ácaros.

Através de um Sistema Integrado de Controle de Análises (SICA), que interliga laboratórios do IB de São Paulo e Campinas em tempo real, é possível obter relatórios com informações sobre a distribuição das doenças e pragas detectadas, por nossos pesquisadores, em materiais vegetais provenientes dos diversos municípios do Estado de São Paulo, como de outros estados brasileiros e de outros países – materiais coletados em Portos, Aeroportos e Fronteiras, enviados pelo Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento.