O Banco do Brasil lançará, em outubro, o primeiro fundo de investimentos exclusivo de participação em empresas do agronegócio. O FIP Brasil Agronegócios, gerido pelo BB em parceria com a BRZ Investimentos, um braço de gestão de recursos do grupo GP Investimentos, captará até R$ 1,2 bilhão para adquirir participação acionária em companhias, projetos e ativos do setor.
O FIP Agro já captou R$ 800 milhões de cotistas institucionais, como fundos de pensão, além de fundos de renda variável, corretoras e fundos internacionais dedicados a operações de “private equity”. No alvo, estão empresas de insumos, agricultura, pecuária, processamento, distribuição, serviços, exportadoras, infraestrutura e estrutura produtiva no setor de agronegócios.
Mesmo sem ter fechada a captação de recursos, o BB Banco de Investimentos e a BRZ já têm um portfólio de 20 empresas de vários segmentos, mas não deve revelar nomes até a regulamentação final do fundo pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), prevista para o fim de setembro. As operações efetivas do novo fundo devem começar em novembro ou dezembro.
As regras do fundo preveem um cronograma de retorno financeiro acima do CDI. Os investimentos devem ter prazo médio de oito anos. Ao fim dos contratos de gestão, as empresas poderão recomprar a participação acionária ou abrir capital em bolsa no médio prazo. Mas isso não será uma exigência contratual, já que os cotistas também poderão renovar ou ampliar suas participações nessas empresas. “Na prática, é uma forma de capitalização das empresas do setor”, diz o vice-presidente de Agronegócios do BB, Luís Carlos Guedes Pinto. A crise financeira internacional abriu um “leque de opções” para investidores no agronegócio.
Fundos internacionais de investimento, que terão suas cotas limitadas a 20% do total, têm demonstrado, segundo o executivo, “grande interesse” em alternativas vinculadas a atividades agropecuárias. O fundo de “private equity” será um “embrião” que ajudará a “replicar” o modelo no Banco do Brasil. Podem ser criados novos fundos específicos ou agregados investimentos em um instrumento mais abrangente.
“É uma boa oportunidade para diversificar fontes de financiamento do setor. Além disso, empresas familiares podem dar um salto e profissionalizar sua gestão. Podem virar, por exemplo, uma S.A de capital fechado”, avalia Guedes Pinto, ex-ministro da Agricultura entre 2005 e 2006.
O FIP Agro busca empresas médias ou grandes, de capital aberto ou fechado, mas com organização financeira e gestão reforçadas com instrumentos de análise de risco, governança, transparência e bons planos de negócio. “Já conversamos com várias dessas empresas. O setor melhorou suas margens e isso tem facilitado no convencimento de investidores a entrar no negócio”, revela o executivo do BB.
O fundo de “private equity” buscará projetos “greenfield” (a partir do zero), empresas de alto potencial de crescimento, com margem de melhoria de rentabilidade e liderança de mercado ou que atuem como veículos de consolidação de um segmento. Há interesse nas áreas de inovação em produtos (pesquisa biológica, por exemplo), sistema de produção (adaptação de cultivares) e metodologias de gestão na agroindústria.
As empresas selecionadas terão consultoria especializada para buscar sub-setores, premissas e originação de investimentos. Os cotistas farão contratos de gestão com as empresas, sobretudo na área financeira, e indicarão membros para ocupar assentos nos conselhos de administração. “Essas empresas precisam admitir a co-participação na gestão porque o investimento requer avaliação contínua”, diz Guedes. O fundo terá um comitê de gestão composto por membros dos cotistas, especialistas e “notáveis” do setor.