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Brasil e Indonésia firmam acordo de cooperação em biocombustíveis

<p>Os dois países, que reúnem a maior parte do que restou das florestas tropicais do Planeta, combinaram o envio de especialistas indonésios ao Brasil para estudar o desenvolvimento deste tipo de combustível.</p>

Redação (14/07/2008)- Os presidentes do Brasil e da Indonésia, Luiz Inácio Lula da Silva e Susilo Bambang Yudhoyono, firmaram um acordo neste sábado em que concordam em cooperar na produção de biocombustíveis, após conversas a respeito das mudanças climáticas e da crise dos alimentos.

Os dois países, que reúnem a maior parte do que restou das florestas tropicais do Planeta, combinaram o envio de especialistas indonésios ao Brasil para estudar o desenvolvimento de biocombustíveis.

– O Brasil vem desenvolvendo com sucesso a produção e o uso do etanol e a Indonésia tem, obviamente, muito a aprender com as suas pesquisas e experiências – disse Yudhoyono em uma entrevista coletiva após conversar com Lula.

Entretanto, o presidente se esquivou de comentar o detalhe de o "parceiro estratégico" ser acusado de multiplicar plantações de palma, matéria-prima do biocombustível local, nas florestas da ilha de Kalimantan, uma das principais do arquipélago e um remanescente da mata tropical nativa.

– É muito difícil para o presidente da República visitante dizer se as pessoas de um país podem ou não plantar e produzir etanol – afirmou Lula ao anunciar o acordo, durante uma entrevista coletiva concedida ao lado do presidente Susilo Bambang Yudhoyono.

– Cada país sabe concretamente em que região e que tipo de coisas pode plantar. A única coisa que eu sei é que, para que a gente possa produzir etanol ou biocombustível, há uma exigência de fazer um zoneamento agroecológico para saber em cada área que tipo de coisa nós poderemos plantar e qual o efeito disso no meio ambiente.

O Brasil é pioneiro no uso em massa do etanol para abastecer carros. Este também é usado misturado à gasolina por décadas. A Indonésia, o maior produtor mundial de óleo de palmeiras, vem investindo no setor de biocombustíveis para reduzir os gastos com os caros derivados do petróleo. O país planeja tornar obrigatório o uso de uma mistura de 2,5% de biodiesel a partir de setembro.

O setor de biocombustíveis virou alvo de ataques dos grupos ecologistas, que o acusam de estar acelerando a destruição das florestas. Por outro lado, há analistas que dizem que seu uso colabora para a alta dos preços dos alimentos. O presidente brasileiro defende o setor e acusa os especuladores internacionais e os preços do petróleo de serem a real causa da pressão inflacionária sobre os alimentos.

– Em primeiro lugar, a produção de etanol ou de biodiesel não é resposnável pelo aumento dos preços dos alimentos – disse Lula, que acrescentou não ser o aumento da demanda de energia da China a única razão da disparada do preço do petróleo. Os problemas mundiais em relação aos alimentos poderiam ter sido solucionados por um acordo em relação à Rodada de Doha, acrescentou o presidente brasileiro.

Yudhoyono também disse que era vital às nações ricas abrir seus mercados agrícolas para ajudar a reduzir a pobreza. Lula afirma que os países ricos devem fazer mais para reduzir a emissão dos gases poluentes que estão causando o aquecimento global.

A Indonésia vem pressionando as nações ricas para pagar as mais pobres para preservar suas florestas, que são o pulmão do mundo e agem como "esponjas", absorvendo a poluição do mundo.

– Ninguém quer preservar nossas florestas mais do que nós, mas os países que mais poluem devem começar a discutir seriamente a redução da emissão de gases poluentes – afirmou Lula.