Redação (23/03/2009) – A participação do etanol no total de cana-de-açúcar moída na safra 2009/2010 deverá cair cerca de cinco pontos percentuais, segundo estimativa do senior counsel da consultoria Tauil e Chequer Advogados e ex-diretor da International Ethanol Trade Association (IETHA), Paulo Costa, em entrevista ao EnergiaHoje. A participação do biocombustível na próxima safra deverá cair para 53%, frente aos 58,46% registrados em 2008/2009.
A queda do preços do álcool, que desde o início do ano acumula um recuo de 15% no mercado paulista de hidratados, e a alta das cotações de açúcar nas Bolsas de NY e Londres trarão maior equilíbrio entre produção de açúcar e etanol. “Para a safra que entra o mix só não vai chegar a 50/50 porque muitos dos investimentos novos são voltados para destilarias apenas, sem capacidade de produzir açúcar”, comenta Costa.
Os novos investimentos permitirão, ainda,que a produção do biocombustível se mantenha em crescimento, apesar da menor participação no mix.
O consultor lembra ainda que o ano de 2009 deverá ser um ano difícil para o setor sucroalcooleiro. A falta de crédito para as usinas operarem e a diminuição das linhas para as tradings, acompanhados da baixa dos preços do álcool, prejudicarão o desempenho do setor. Costa destacou, ainda, que a diminuição do uso dos veículos por conta do aperto financeiro pode representar uma diminuição no consumo de combustíveis.
As dificuldades do setor sucroalcooleiro poderão estimular o aumento da concentração das empresas. Além da aquisição da Nova América pela Cosan e o certamente próximo anúncio da entrada de um sócio majoritário no complexo Santelisa Vale, Paulo Costa cita ainda o interesse da Bunge, ADM e Louis Dreyfus em comprar usinas no Brasil.