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Contra a Al Qaeda, a Embrapa

Luis Nassif explica como a entidade pode ajudar na reconstrução do Afeganistão e na projeção da nova influência do Brasil no mundo.

Contra a Al Qaeda, a Embrapa

De que forma o Brasil poderá projetar sua nova influência no mundo? Este é um dos grandes desafios de todos os países que saíram da condição de emergentes para a de players mundiais.

Um dos grandes trunfos brasileiros é o trabalho da Embrapa, principalmente depois que avançou na internacionalização, um plano ambicioso consolidado ao longo dos últimos três anos.

Ontem, o site Eurasian.net trouxe um artigo significativo de Mohammad Asif Rahimi Ministro da Agricultura, Irrigação e Produção Animal do Afeganistão.

Lembra ele que, apesar de 80% da população do país viver em áreas rurais, com uma existência miserável, o desenvolvimento do setor agrícola nacional tem sido ignorado pela comunidade internacional.

Avanços na área agrícola, com reformas e novas tecnologias serão fundamentais para estabilizar o país, diz ele. Se não houver possibilidade de garantir o acesso da população rural para uma atividade legítima, haverá cada vez mais desconfiança no governo e, por falta de opções, apoio ao Taliban.

“Através de uma agricultura próspera, poderemos vencer a luta pelos corações e mentes contra a Al Qaeda e os talibãs, reduzir a pobreza e reconstruir e desenvolver a economia do Afeganistão”, exorta ele.

Onde está a saída? No Brasil.

O Brasil, como um dos países agrícolas mais produtivos do mundo, está em uma posição única para ajudar o Afeganistão a revitalizar seu setor agrícola, prossegue o Ministro. Além de experiência em questões específicas da agricultura, o Brasil é um dos poucos países em desenvolvimento empenhados na reconstrução do Afeganistão

Lembra o Ministro que o Brasil trabalhou os problemas do desenvolvimento em casa e construiu seu próprio sistema agrícola a partir do zero, alcançando resultados impressionantes, como o de quadruplicar a produção agrícola desde 1970, transformar solos secos em áreas férteis, melhorar a qualidade das sementes e os métodos de irrigação.

A chave para o Brasil na história de sucesso está na qualidade das pesquisas da Embrapa, continua o Ministro, lembrando o que ocorreu com o cerrado. Agora, com a Embrapa espalhando-se por 36 países, fará a diferença global nas questões agrícolas.

Lembra que ela já tem operações em Angola, Gana, Senegal, Côte d’Ivoire, Moçambique, Benin, Quênia, Burkina Faso, Nigéria e outros. E que poderá ter papel importante no Afeganistão.

Historicamente, metade do PIB do Afegantistão e 80% de suas exportações baseavam-se na produção agrícola. Entre 1978 e 2004, o caos político no país produziu uma queda média de 3,5% ao ano.

Com a queda do regime talibã em Cabul, a partir de 2001 a queda foi estancada. Mas a produtividade ainda é metade daquela alcançada por países vizinhos.

A esperança é que a Embrapa consiga trazer valor agregado a essas exportações. O país possui uma minúscula fábrica de suco concentrado, pode se transformar em grande produtor de frutas – romãs, maçãs, uvas e amêndoas – e poderá ampliar seus mercados, dependendo da assistência técnica do Brasil.