Cientistas da Embrapa Agroenergia estão coletando variedades de cana-de-açúcar cultivadas nas regiões Sudeste, Centro-oeste e Nordeste do Brasil com objetivo de avaliar a quantidade e composição química da biomassa. A coleta começou em maio, com cultivares precoces, na região de Adamantina e de Ribeirão Preto, em São Paulo, em parceria com as usinas Bioenergia e da Pedra. Em julho, os trabalhos continuam com a programação das coletas das variedades médias e precoces, nestas cidades e em Goianésia (GO) e Maceió (AL).
De acordo com o pesquisador da Embrapa Agroenergia, Marcelo Lazzarotto, serão coletadas amostras de um total de doze cultivares, que representam cerca de 70% da área plantada no país. “Esta coleta é importante, pois poderemos quantificar em detalhe a produção de biomassa de cana de cada cultivar no campo, especialmente a proporção de palha, ponteiro e colmo, assim como do bagaço resultante na usina. Nesses materiais serão determinados os teores de umidade, cinzas, lignina, hemicelulose e celulose”, explicou. Com os dados coletados, será possível avaliar o potencial de produção de etanol de segunda geração de cada parte da planta de cana-de-açúcar, por variedade cultivada e por região produtora. “Esse trabalho fornecerá informações relevantes do potencial de produção e composição da biomassa de cana, que interessa especialmente à produção de etanol lignocelulósico e co-geração de energia elétrica”, destaca Lazzarotto.
O trabalho é uma ação do projeto BABETHANOL, que visa desenvolver tecnologia industrial e montar um banco de dados sobre a quantidade, distribuição espacial, composição química e custo de resíduos agrícolas e agroindustriais para produção de etanol de segunda geração, em países da Europa e da América Latina, incluídos trabalhos na França, Espanha, Finlândia, Itália, México, Brasil, Chile, Costa Rica, Uruguai, Argentina e Paraguai. Nos países da América, as culturas em pauta são a cana-de-açúcar, oliveira, macieira, cereais, madeira e uva. No Brasil, a cana-de-açúcar foi a cultura selecionada para esse estudo.
No projeto, os cientistas também verificarão a viabilidade técnico-econômica de produção do etanol lignocelulósico dos diferentes resíduos, utilizando-se a tecnologia proposta. “Amostras dos resíduos selecionados como de maior potencial serão enviadas a França, que é o país líder do projeto Babethanol, para serem avaliadas em escala piloto utilizando a tecnologia em desenvolvimento. Assim poderá ser feita uma análise comparativa entre as matérias-primas”, adiantou Lazzarotto.
Este projeto, iniciado em 2009 e que terminará em 2013, prevê avaliações em escalas de laboratório e piloto (semi-industrial) de um processo industrial inovador, que busca a integração de pré-tratamento e hidrólises enzimáticas completas de biomassa lignocelulósica utilizando extrusão. A última reunião das instituições parcerias ocorreu em maio deste ano, em Santiago/Chile. A reunião anterior, aconteceu na Embrapa Agroenergia, em dezembro 2010.