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Encontro Técnico em Descalvado

Evento discutiu o abastecimento de grãos, o cenário econômico para o próximo ano e a retirada de antibióticos da dieta de aves na Europa.

Ao pautar os temas para o VI Encontro Técnico sobre Avicultura de Corte da Região de Descalvado, no interior paulista, a organização do evento destacou três assuntos que estão na ordem do dia e, com certeza, fazem parte de todas as conversas entre empresários, técnicos e produtores. O primeiro é o cenário econômico brasileiro para o próximo ano, o que tem gerado grandes expectativas em função da mudança do governo federal. Também está entre as preocupações do setor as tendências para a produção de grãos, em especial o milho, na próxima safra. E, a retirada dos antibióticos da dieta de aves na Europa, que agora deve ser antecipada para 2005.

Num auditório lotado, com cerca de 300 pessoas, Richard Torbeyns, nutricionista da Pingo Poultry Grupo Nutreco (Holanda e Bélgica), apresentou os resultados de uma de suas pesquisas, além de comparar dados técnicos da substituição dos antibióticos por alternativos naturais. A retirada dos promotores não foi aquele desastre que se esperava encontrar, destacou. A Pingo Poultry não usa mais promotores antimicrobiológicos (AMGP) há cerca de 1,5 ano em rações para aves adultas e há 10 meses em outras rações destinadas a aves de corte. Uma das constatações de Torbeyns é de que a retirada dos promotores afetou mais o ganho de peso do que a conversão alimentar, mas também diminuiu a mortalidade do plantel.

Para Antonio Guilherme Machado de Castro, um dos coordenadores do evento e pesquisador responsável pelo Laboratório de Patologia Avícola de Descalvado, conhecer as tendência para nutrição de frangos no continente europeu é extremamente importante. Hoje o Brasil depende basicamente da exportação e é muito importante para o setor saber quais as tendências na Europa.

Mercado de carnes e grãos – A segunda palestra foi proferida por Dilvo Grolli, diretor presidente da Cooperativa Agropecuária Cascavel (Coopavel), localizada no município de Cascavel (PR). Grolli debateu o mercado de carnes e grãos apresentando dados da produção nacional e internacional destes produtos. De acordo com suas estimativas, o País poderia produzir muito mais grãos do que produz hoje se utilizasse, por exemplo, 15% da região do Cerrado brasileiro. Dentro desta premissa, ele acredita que o Brasil poderia ter uma produção de 107,98 milhões de toneladas de milho caso o plantasse nesta área correspondente. Ele estacou que nos últimos 11 anos a produtividade brasileira cresceu 72% no segmento grãos. Isto é tecnologia, afirmou. Porém, ele acredita que para se atingir os patamares de produção dos Estados Unidos e China ainda seria necessário conquistar novos mercados.

Grolli explica que os commodities internacionais cresceram em valores em dólar em 2002, mas para o próximo ano, a tendência é de permanência nos patamares atuais, podendo haver uma ligeira elevação do seu valor em dólar. Para o milho, ele acredita que o mercado já está equilibrado entre o preço internacional e o preço interno do milho. Acho que os preços do milho estão no seu pico máximo agora e não tem mais qualquer perspectiva de subir.

Encerrando esta edição do Encontro Técnico, realizada no dia 27 de novembro, o economista e consultor José Roberto Mendonça de Barros apresentou o provável cenário da economia brasileira para o próximo ano. Ele acredita que o presidente eleito, Luis Inácio Lula da Silva, irá enfrentar um ano difícil, com pouco crescimento e tendo que manter uma política econômica defensiva. Para ele, a inflação será um dos maiores desafios no próximo ano. A inflação é controlável, mas tem que ser controlada já, afirma. Porém, ele indica que para isto seria necessário cortar o crescimento da economia. Até o começo do ano, Mendonça de Barros acredita que ainda há muita inflação para chegar até o varejo, indicando que ela crescerá acima dos patamares atuais, que estão entre 10% e 12%, mas se for aplicada uma política adequada, a inflação deve regredir lentamente durante o ano. Mas é necessário se ter muita atenção com o problema da inflação, alerta o consultor. Não se pode minimiza-la porque a ameaça que ela está colocando no País não é pequena.