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Ferrovia em estudo

<p>Governo gaúcho levará proposta de criação da "Ferrosul" ao Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul.</p>

A governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, vai propor a criação da Ferrosul aos governadores do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, no âmbito do Codesul (Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul). A manifestação da governadora aconteceu nesta quarta-feira (21), no Palácio Piratini, em audiência a um grupo de deputados estaduais, prefeitos e lideranças políticas do Norte e Noroeste gaúcho.

O grupo foi buscar apoio do Governo do Estado à expansão dos ramais da Ferroeste até Chapecó, na fronteira com o Rio Grande do Sul, e à criação da Ferrosul, uma nova empresa pública a partir de uma re-estruturação societária da Ferroeste para incluir os demais estados do Sul como sócios.

Depois da reunião, em ligação telefônica para o presidente da Ferroeste, Samuel Gomes, a governadora Yeda Crusius confirmou que Ferroeste e Ferrosul estão na agenda de seu Governo e que o assunto também vai ser levado para apreciação da Assembléia Legislativa. “A Ferroeste se sente honrada em receber a notícia da governadora em primeira mão”, ressaltou Gomes.

Segundo o secretário de Infra-Estrutura e Logística do Rio Grande do Sul, Daniel Andrade, a declaração da governadora é uma reafirmação do interesse do Estado em apoiar a expansão da Ferroeste, até Chapecó em Santa Catarina, e de participar na criação da Ferrosul. Em agosto de 2007, os governadores reunidos em Curitiba, haviam assinado uma moção de apoio à Ferroeste. Agora, disse o secretário, “a governadora vai levar ao Codesul a proposta de criação da Ferrosul”, confirmou o secretário.

Num primeiro momento, segundo o secretário Daniel Andrade, interessa “sobremaneira” a construção do ramal da Ferroeste até Chapecó (SC), na divisa com seu Estado, “e de preferência que ele chegue ao Rio Grande do Sul”. O secretário ressaltou que a privatização das ferrovias em seu Estado “não prevê a expansão” da malha ferroviária e que a proposta de criação da Ferrosul pode ser “a porta de entrada” para solucionar esse problema logístico no Estado.

O deputado estadual Jerônimo Goergen, presidente da Frente do Agronegócio da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, presente na audiência, comemorou o resultado do encontro com Yeda Crusius. “Conseguimos aval político do Governo do Estado para a Ferrosul”.

O presidente da Ferroeste, Samuel Gomes, disse, em Curitiba, que o apoio manifestado por Yeda Crusius ao projeto “inicia uma agenda de governadores em torno da criação de uma empresa ferroviária pública que vai dar ao projeto da Norte-Sul do governo federal o que faltava, que é a região Sul¨.

Segundo Gomes, o projeto do governo federal de construir a ferrovia Norte-Sul, que prevê a chegada até São Paulo, “é um projeto pela metade”. Para integrar o Brasil por ferrovias, explica, “temos que incluir o Sul e a inclusão do Sul se dá através da expansão da Ferroeste e de sua transformação em Ferrosul¨. Com isso, acrescenta Gomes, “vamos vertebrar o Brasil de Norte a Sul, com um ferrovia do século 21, em bitola mista (métrica e larga), que vai provocar uma revolução logística, barateando o custo da produção do interior do Brasil”.

Por outro lado, a transformação da estatal paranaense (Ferroeste) em uma empresa pública de quatro Estados (PR, SC, RS e MS), nos moldes do BRDE, segundo Gomes, “assegurará à nova empresa perenidade e garantia contra projetos políticos antipopulares como os que sofremos recentemente no Paraná. Por outro lado, a Ferrosul será uma empresa com grande musculatura institucional porque pertencerá aos quatro Estados do Sul”.

O presidente da Ferroeste, Samuel Gomes, lembrou a Carta de Nonoai (RS), divulgada no dia 8 de outubro, depois de audiência pública sobre o novo ramal, realizada em Nonoai, cujo texto estabelece um marco na integração das forças políticas e econômicas do Rio Grande do Sul no projeto de expansão da ferrovia. Em mensagem aos participantes, a governadora gaúcha, Yeda Crusius, observa que apesar de ainda não estar ligada “diretamente ao solo gaúcho”, o projeto da Ferroeste ¨é de importância fundamental para a economia do Rio Grande¨ e simboliza ¨a oportunidade de iniciar uma agenda de investimentos semelhantes em nosso Estado¨.

Paraná – A Carta de Nonoai, redigida pelas lideranças gaúchas, catarinenses e sul-mato-grossenses que participaram da audiência pública, expressa “admiração pelo Estado do Paraná que, quando o Brasil caminhava a passos lentos e indecisos, teve a ousadia e visão estratégica de dar início à construção da ferrovia entre Guarapuava e Dourados, no Mato Grosso do Sul.”

A Carta segue afirmando que “é notável que, em parceria com o Exército Brasileiro, entre 1991 e 1994, o Paraná tenha investido, com recursos próprios, o equivalente a US$ 363 milhões na construção do primeiro trecho da ferrovia, entre Guarapuava e Cascavel. Hoje a obra está paga e em operação e se constitui na plataforma a partir da qual queremos integrar o interior do Sul do Brasil com os seus portos, com as demais regiões do País e com a América do Sul.”

As lideranças dos demais estados da Região Sul também registram na Carta de Nonoai o seu “agradecimento ao povo paranaense por protagonizar a luta pela integração ferroviária do Sul do Brasil e colocar a sua empresa, Ferroeste, como a base para o projeto grandioso do surgimento de uma empresa pública ferroviária da nossa Região, a Ferrosul, a ser constituída pelo aporte material, político e intelectual dos povos sul-matogrossense, catarinense e gaúcho”.

“Tal projeto institucional”, prossegue a Carta, “generosamente ofertado pelo povo paranaense à Região Sul, é um raio de esperança para a reconstrução de um sistema ferroviário que impulsione a transformação da perversa matriz de transportes brasileira, hoje um verdadeiro entrave ao desenvolvimento econômico e social do País”.