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Gaúcho pensa no futuro e aposta no etanol como uma alternativa

<p>A sociedade gaúcha e o governo discutem a diversificação da atividade agropecuária e o cultivo de cana-de-açúcar, por exemplo, anima alguns setores do agronegócio gaúcho.</p>

Redação (15/09/2008)- O antigo "celeiro do País" agora olha para o futuro e não sabe o que enxergar. O Rio Grande do Sul já foi o maior produtor nacional de grãos – com 17,9 milhões de toneladas, em 1994 – e hoje é o terceiro no ranking, com 22,4 milhões de toneladas. A soja, seu principal produto, tem Mato Grosso como líder nacional. Diante desse cenário, o estado une forças para pensar em uma estratégia para o setor. A sociedade gaúcha e o governo discutem a diversificação da atividade agropecuária e o cultivo de cana-de-açúcar, por exemplo, anima alguns setores do agronegócio gaúcho.

O secretário de Agricultura, Pecuária, Pesca e Agronegócio, João Carlos Machado em entrevista exclusiva a este jornal, anunciou investimentos de R$ 40 milhões no agronegócio gaúcho, dentro do Programa Estruturante Terra Grande do Sul – "Nosso campo mais moderno e produtivo". Os recursos a serem aplicados terão como foco a certificação e rastreabilidade de produtos agropecuários e a modernização da defesa agropecuária. Até 2010 a base de dados do agronegócio gaúcho será informatizada, assim como serão criados novos postos de fiscalização agropecuária nas divisas e fronteiras do estado. Outra frente de ação é a rastreabilidae e certificação dos produtos – inclusive com a criação de um fundo privado e público de incentivo a esta ação.

"O agronegócio gaúcho, assim como o brasileiro vive um bom momento de aquecimento, em um ambiente favorável", afirma. Na sua avaliação, na atual safra, o estado deve manter a área cultivada – não há mais disponibilidade de expansão – mas pode ganhar em produtividade. Ele ressalva, no entanto, a questão do custo de produção, que está elevado. O presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Carlos Sperotto, reclama que, neste sentido, o Governo Federal não tem se empenhado. "A solução do Brasil está a 15 centímetros do solo, não a sete mil metros. O agronegócio dá resposta em seis meses e o governo não faz esta leitura", reclama – referindo-se à euforia em relação à descoberta do petróleo na chamada "camada do pré-sal".
Apesar das demissões nos frigoríficos gaúchos, Machado acredita em uma recuperação do setor. Segundo ele, já está havendo investimento no aumento do rebanho. "Há uma procura grande por ventres e reprodutores", atesta Machado.

Além dos recursos estatais aplicados no agronegócio gaúcho, o secretário destaca o início da diversificação da atividade agropecuária no estado. Em regiões como a Metade Sul do estado – tradicional produtora de arroz e gado de corte – Machado lembra que já há investimentos em reflorestamento, fruticultura e pecuária leiteira. "À medida que o mercado se mostrar rentável e que pode-se produzir, a diversificação acontece continuamente", acredita Machado Segundo ele, o governo tem buscado apoiar os municípios que identifiquem novas vocações e interesses. O presidente da Farsul acrescenta que existe um interesse entre os produtores gaúchos de buscar novos produtos para se investir.

Machado destaca ainda a inclusão do estado no zoneamento da cana-de-açúcar que, atualmente, é voltada para a produção de cachaça. Segundo ele, o Rio Grande do Sul precisa comprar de outros estados mais que 98% do etanol consumido na região. No entanto, de acordo com ele, com o anúncio da Braskem de produzir "plástico verde" – à base de etanol – em Triunfo (RS), a demanda pelo produto tende a crescer no estado e, com isso, o plantio de cana-de-açúcar seria viável economicamente na região. Sperotto, no entanto, não estimula os produtores gaúchos a cultivarem cana-de-açúcar. Segundo ele, não existem hoje variedades disponíveis que resistam às intempéries climáticas comuns na região, como por exemplo, as geadas. "Estamos no início da primavera e, em uma semana, tivemos calor, frio e chuva de granizo", exemplifica. De acordo com o presidente da Farsul, hoje, o cultivo de cana-de-açúcar no estado é de alto risco climático. Por enquanto, segundo ele, tem de continuar na produção de cachaça de qualidade – cujas garrafas alcançam preços de até R$ 120.